Lá como cá...
«depois de ter começado a interessar-me seriamente pelo estado da educação no nosso país (…) , cheguei à conclusão de que o nosso sistema de ensino público está em vias de destruição total. Esta destruição é o resultado de todas as reformas conduzidas por todos os governos a partir dos anos 60. Essas políticas foram desejadas, aprovadas, conduzidas e impostas por todas as instâncias dirigentes da Educação Nacional, particularmente pelos famosos especialistas da Educação Nacional, os corpos de inspectores (recrutados entre os docentes mais dóceis e submissos aos dogmas oficiais), as direcções das administrações centrais, as direcções e corpos de formadores das IUFM dominados pelos famosos didactas e outros especialistas das ditas «ciências da educação», pela maioria dos especialistas das comissões de programas,em suma, pelo conjunto da nomenclatura da Educação Nacional. Essas políticas foram inspiradas por uma ideologia que consiste em não conferir valor ao saber e que quer fazer prioritariamente desempenhar a escola, não a instrução e a transmissão do conhecimento, mas outros papéis na crença imposta em teorias pedagógicas delirantes, no desprezo pelas aprendizagens fundamentais, na rejeição do ensino organizado, explícito e progressivo, no desprezo pelos conhecimentos de base ligados à imposta aprendizagem de conteúdos nebulosos e desproporcionados, na doutrina do aluno ‘no centro do sistema’ e que deve ‘construir ele próprio os seus saberes’. Esta ideologia dominou igualmente as instâncias dirigentes dos sindicatos maioritários (…).Toda esta gente não tem hoje outro objectivo que não seja o de alijar a sua responsabilidade e mascarar por todos os meios a realidade do desastre. Confesso não saber se têm agido de boa - fé, ou se, pelo contrário, não terão organizado deliberadamente a destruição da escola. Também não sei quais dentre eles – uma minoria certamente – não participaram nesta loucura colectiva, nem quais, tendo participado, têm hoje consciência das consequências dramáticas dos erros acumulados desde há dezenas de anos e estarão hoje dispostos a partir numa outra direcção. ’A priori’ tenho a mais extrema desconfiança relativamente a todos os membros da nomenclatura da Educação Nacional».
Laurent Lafforgue
- cit por Guilherme Valente em O«eduquês» nunca existiu – in Expresso de 1.04.06
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Veja e reflicta sobre o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=r7dL-lGCVEg
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