13 DE JUNHO DE 1888: nasce em Lisboa Fernando Pessoa *
Vamos todos cantar para Fernando os Parabéns a você/nesta data querida...
E soprar as 117 velas que assinalam, em 2005, a sua imortalidade.
Porque você merece, hem ?!, você, fernando, você, alberto, você, álvaro, você, ricardo, você bernardo, um dos do desassossego, você tantos outros (72 apenas?), você que se quis ser o supra - Camões (?) e toda uma literatura, você argonauta das sensações verdadeiras, você que repetiu como os outros argonautas antigos NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO, você que se quis poeta FING(E) /I -DOR (?), você, coração de ninguém, você que se propôs ser indisciplinador de almas [e continua a indisciplinar as nossas], você seguindo o fumo do [seu] cigarro como uma rota própria, você recordando as tias velhas do tempo em que festejavam o dia de seus anos, e os romances de sua infância, a Nau Catrineta, a Bela Infanta, nos intervalos do vozeirão épico de Jim Burns, você, de alma estática, sentada, vendo os navios que partem do cais, essa saudade de pedra, você do Magnificat, você recordando, de coração quebrado, pouco antes do seu virar a curva da estrada, do seu deixar de ser visto, a doçura de sua mãe tocando Un soir à Lima, você que disse não ser nada, nunca vir a ser nada, não poder querer vir a ser nada - e contudo ter em si todos os sonhos do mundo, repartindo connosco a sua condição de escravo cardíaco das estrelas, sonhando pátrias de sonho como o marinheiro perdido - e não se reconhecendo na verdadeira -, você que nos reúne aqui , rodeando-o e agradecendo-lhe ter existido e existir ainda!
Quero que você leia esta mensagem bem cedinho, ao acordar, com a Criança Eterna dentro de si, a que brincava com seus sonhos, lembra? - connosco afagando seu cabelo, dando-lhe o colo consolador que definitivamente o fará reentrar, ainda que por breves momentos de ilusão, na sua infância,sendo, de novo «feliz»,[mesmo que sobre ela se interrogue e diga:«E eu era feliz? Não sei. Fui-o outrora agora», como escreveu um dia], envolto na música embaladora e nos braços de sua mãe, de quem foi o menino, e da [sua] ama velha que o trouxe ao colo - também de sua Bébézinha querida, a doce Ophelinha de suas cartas de amor «ridículas» (deixe lá - o Álvaro tinha era ciúmes de Ophelia...). E deixe a Daisy bem longe, em Londres, e deixe por lá também aquele pobre rapazito que lhe deu tantas horas tão felizes em Iorque- e certamente a estranha Cecily que acreditava que você seria grande...e é que foi mesmo...
Está aqui, entre seus amigos, portugueses e brasileiros, unidos na língua que foi sua pátria, amigos seus que tantas alegrias lhe devem - e lhe querem muito bem -. agradecendo-lhe por ter existido e se ter outrado, múltiplo e plural como o universo !
Como presente, trazemos - lhe o nosso carinho e prometemos tomar um copo consigo na sua mesa da Brasileira ou no café Martinho - evocando aí a companhia de seus outros amigos queridos, os do Orpheu, e, em especial,o seu querido Mário - em conversa nunca acabada.
Amélia Pinto Pais
* Nota: este texto foi inicialmente aqui há uns 3 ou 4 anos colocado no fórum do site brasileiro Pessoa Revisitado, como contributo para uma festa virtual de aniversário do Poeta.
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