31/03/12
30/03/12
NOCTURNOS - 108
Etiquetas: nocturnos, omnia vincit amor
29/03/12
OMNIA VINCIT AMOR - 239
que não me canso nunca de escutá-la.
Repete-me outra vez que o casal
da história foi feliz até morrer,
que ela não lhe foi infiel, que a ele nem sequer
lhe ocorreu enganá-la. E não esqueças
de que, apesar do tempo e dos problemas,
continuavam os beijos todas as noites.
Conta-me mais mil vezes, por favor:
é a história mais bela que conheço.
Etiquetas: omnia vincit amor
28/03/12
Millor Fernandes -breve homenagem ao humorista que nos deixou ontem
Etiquetas: efemérides
27/03/12
DIA MUNDIAL DO TEATRO
Luzes da ribalta
Etiquetas: efemérides
DE AMICITIA - 116
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.
2.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.
Bebe do meu cântaro se tens sede.
Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.
Amigo,
se tens fome come do meu pão.
3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.
Sorriste - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...
... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre
Pablo Neruda
Tradução de Rui Lage
Etiquetas: de amicitia
26/03/12
DO FALAR POESIA - 143
Eduardo Bustos
Etiquetas: do falar poesia
25/03/12
ANTONIO TABUCCHI, O MAIS PORTUGUÊS DOS ESCRITORES ITALIANOS
(excerto)
É esta a minha homenagem, pequena, ao grande escritor italiano hoje falecido. Um dia ele contou que, estando como adido cultural em Espanha, encontrou numa estação um um pequeno livro, de um tal Álvaro de Campos, intitulado de Bureau de Tabac. Comprou, leu, e de imediato pediu transferência para Lisboa que viria a ser, em boa parte, como para Fernando Pessoa, o seu «lar» - onde morreu hoje e vai ser sepultado. Aqui casou com Maria José Lencastre. Os dois traduziram para italiano a Poesia de Fernando Pessoa - com o título Una sola multitudine. Pessoa, de resto, teria influência sobre a sua própria obra romanesca.O primeiro livro que dele li foi justamente este, de que publico um pequeno extracto.Em tempos passei-o, integral, na Prosa da semana.Depois, continuei a lê-lo sempre com muito agrado.Um dos seus livros, Afirma Pereira daria lugar a um filme de Manoel de Oliveira, em que participou, entre outros, Marcello Mastroiani - que seria o seu último filme.Creio também que um outro dos seus livros, Nocturno Indiano, daria lugar a um filme.
Etiquetas: efemérides, leituras
Les feuilles mortes (por Mouloudji)
Les feuilles mortes
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui./Les feuilles mortes se ramassent à la pelle./Tu vois, je n'ai pas oublié...
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,/Les souvenirs et les regrets aussi/Et le vent du nord les emporte
Dans la nuit froide de l'oubli./Tu vois, je n'ai pas oublié/ La chanson que tu me chantais//
Refrain:C'est une chanson qui nous ressemble./Toi, tu m'aimais et je t'aimais/Et nous vivions tous deux ensemble,/Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais/ /
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24/03/12
23/03/12
DESASSOSSEGOS - 135
E um rouxinol começou a cantar.
Mas o homem não ouviu.
Então o homem repetiu:
Deus fale comigo!
E um trovão ecoou nos céus.
Mas o homem foi incapaz de ouvir.
O homem olhou em volta e disse:
Deus, deixe-me vê-lo!
E uma estrela brilhou no céu.
Mas o homem não a notou.
O homem começou a gritar:
Deus mostre-me um milagre!
E uma criança nasceu.
Mas o homem não sentiu o pulsar da vida.
Então o homem começou a chorar e a se desesperar:
Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo...
E uma borboleta pousou suavemente
Em seu ombro.
O homem espantou a borboleta com a mão e, desiludido,
Continuou o seu caminho triste, sozinho e com medo.
Etiquetas: desassossegos
22/03/12
OS MEUS POETAS - 246
Feliz muito feliz
tenho sido bastantes vezes na vida
mas acima de tudo quando fui libertado
na Alemanha
porque comecei a olhar uma borboleta
sem vontade de a comer
Tonino Guerra - realizador e poeta, falecido ao 92 aos,no dia da flor.
Etiquetas: os meus poetas
LER OS CLÁSSICOS -157
Etiquetas: ler os clássicos
21/03/12
DIA MUNDIAL DA POESIA -2012
Dom Dinis, rei e poeta (s.XIII)
Etiquetas: efemérides
POETAS MEUS AMIGOS - 163
Lau Siqueira
Etiquetas: poetas meus amigos
20/03/12
OS MEUS POETAS - 245
Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada,
Sêca, deserta e nua, à beira d'uma estrada.
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha,
Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha.
Sobre uma folha hostil duma figueira brava,
Mendiga que se nutre a pedregulho e lava,
A aurora desprendeu, compassiva e divina,
Uma lágrima etérea, enorme e cristalina.
Lágrima tão ideal, tão límpida, que ao vê-la,
De perto era um diamante e de longe uma estrêla.
Passa um rei com o seu cortejo de espavento,
Elmos, lanças, clarins, trinta pendões ao vento.
- "No meu diadema, disse o rei, quedando a olhar,
Há safiras sem conta e brilhantes sem par,
"Há rubins orientais, sangrentos e doirados,
Como beijos d'amor, a arder, cristalizados.
"Há pérolas que são gotas de mágoa imensa,
Que a lua chora e verte, e o mar gela e condensa.
"Pois, brilhantes, rubins e pérolas de Ofir,
Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir
"Nesta c'roa orgulhosa, olímpica, suprema,
Vendo o Globo a teus pés do alto do teu diadema!"
E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.
Couraçado de ferro, épico e deslumbrante,
Passa no seu ginete um cavaleiro andante.
E o cavaleiro diz à lágrima irisada:
"Vem brilhar, por Jesus, na cruz da minha espada!
"Far-te hei relampejar, de vitória em vitória,
Na Terra Santa, à luz da Fé, ao sol da Glória!
"E à volta há-de guardar-te a minha noiva, ó astro,
Em seu colo auroreal de rosa e de alabastro.
"E assim alumiarás com teu vivo esplendor
Mil combates de heróis e mil sonhos d'amor!"
E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Ouviu, sorriu, tremeu e quedou silenciosa.
Montado numa mula escura, de caminho,
Passa um velho judeu, avarento e mesquinho.
Mulas de carga atrás levavam-lhe o tesoiro:
Grandes arcas de cedro, abarrotadas d'oiro.
E o velhinho andrajoso e magro como um junco,
O crânio calvo, o olhar febril, o bico adunco,
Vendo a estrêla, exclamou: "Oh Deus, que maravilha!
Como ela resplandece, e tremeluz, e brilha!
"Com meu oiro em montão podiam-se comprar
Os impérios dos reis e os navios do mar,
"E por esse diamante esplêndido trocara
Todo o meu oiro imenso a minha mão avara!"
E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.
Debaixo da figueira, então, um cardo agreste,
Já ressequido, disse à lágrima celeste:
"A terra onde o lilaz e a balsamina medra
Para mim teve sempre um coração de pedra.
"Se a queixar-me, ergo ao céu os braços por acaso,
O céu manda-me em paga o fogo em que me abraso.
"Nunca junto de mim, ulcerado de espinhos,
Ouvi trinar, gorgear a música dos ninhos.
"Nunca junto de mim ranchos de namoradas
Debandaram, cantando, em noites estreladas...
"Voa a ave no azul e passa longe o amor,
Porque ai! Nunca dei sombra e nunca tive flor!...
"Ó lágrima de Deus, ó astro, ó gota d'água,
Cai na desolação desta infinita mágoa!"
E a lágrima celeste, ingénua e luminosa,
Tremeu, tremeu, tremeu... e caíu silenciosa!...
E algum tempo depois o triste cardo exangue,
Reverdecendo, dava uma flor côr de sangue,
Dum roxo macerado, e dorido, e desfeito,
Como as chagas que tem Nosso Senhor no peito...
E ao cálix virginal da pobre flor vermelha
Ia buscar, zumbindo, o mel doirado a abelha!...
Guerra Junqueiro - em Os Simples
Etiquetas: os meus poetas
19/03/12
DIA DO PAI
Etiquetas: efemérides
ESCREVER -111
O Que é Escrever ?
Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso (não de livraria, mas de indignação social profunda) é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração. Mas porque a poética precisão de dum acto humano não corresponde totalmente à sua evidência. Ama-se a palavra, usa-se a escrita, despertam-se as coisas do silêncio em que foram criadas. Depois de tudo, escrever é um pouco corrigir a fortuna, que é cega, com um júbilo da Natureza, que é precavida.
O Que é Escrever ?
Etiquetas: escrever
18/03/12
17/03/12
OMNIA VINCIT AMOR - 238
Bernardo Soares, Livro do Desassossego
Etiquetas: omnia vincit amor
16/03/12
LEITURAS - 182
«Às vezes não te compreendo bem.»
«Sou uma ilha pequena, Paula.» Sim, uma ilha pequena, sem arquipélago, e à volta o oceano desconhecido e um nevoeiro tão denso que não deixava ver os barcos, se os havia. Mas era natural que os houvesse. Há sempre barcos em volta das ilhas. Estivera um dia numa ilha assim…
A voz de Paula ria na sua sala, no seu divã. «Todos o somos, não és original.»
«Mas eu sou aquela ilha.»
Pequena e com praias de cascalho, não muito belas, e voltadas para oriente. O sol abandonava-as a meio da tarde e então fazia frio e a água ainda há pouco morna e confortável tornava-se gélida, matéria opaca, cheia de vida, de morte e de mistérios. Só havia uma coisa a fazer, subir, subir à procura de um resto de sol. Mas do lado ocidental era o reino das gaivotas e dos rochedos a pique. Coisas só para olhar. Ruídos que eram silêncio. E acabava sempre por regressar à tenda onde estava acampada com uns amigos. Cansada. Farta. A querer ir-se embora e sem partir.
«Mas a tua vida é que é uma ilha, não tu.»
«Sim, a minha vida», concordou Jô.
«Mas o que sou eu sem a minha vida, o que somos nós sem ela?»
«E o teu caso, na mesma?»
Etiquetas: leituras
15/03/12
OS MEUS POETAS -243
A casa onde às vezes regresso é tão distante
da que deixei pela manhã
no mundo
a água tomou o lugar de tudo
reúno baldes, estes vasos guardados
mas chove sem parar há muitos anos
Durmo no mar, durmo ao lado do meu pai
uma viagem se deu
entre as mãos e o furor
uma viagem se deu: a noite abate-se fechada
sobre o corpo
Tivesse ainda tempo e entregava-te
o coração
José Tolentino Mendonça
Etiquetas: os meus poetas
14/03/12
POEMAS COM ROSAS DENTRO - 104
Etiquetas: os meus poetas, poemas com rosas dentro
13/03/12
12/03/12
NOCTURNOS -107
mas a noite parece saber de mim,
e para mais, conforta-me como se me desejasse,
cobre-me a consciência com as suas estrelas.
Talvez a noite seja a vida e o sol a morte.
Provavelmente a noite é nada
e nada as conjecturas sobre ela
e nada os seres que a vivem.
Talvez as palavras sejam tudo o que existe
no enorme vazio dos séculos
que nos arranham a alma com as suas recordações.
Mas a noite há-de conhecer a miséria
que bebe do nosso sangue e das nossas ideias.
Ela há-de atirar ódio às nossas observações
sabendo-as cheias de interesses, de desencontros.
Mas sucede que ouço a noite chorar nos meus ossos.
A sua lágrima imensa delira
e grita que algo partiu para sempre.
Um dia voltaremos a ser.
Alejandra Pizarnik, in Las Aventuras Perdidas (1958)
Versão de Henrique Fialho in http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/
Etiquetas: nocturnos
11/03/12
PENSAR - 140
"Da minha língua vê-se o mar..."
"Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir.
como da de outros se ouvirá o da floresta
Vergílio Ferreira
Etiquetas: pensar
10/03/12
POETAS MEUS AMIGOS - 162
Quando estiver a chegar, vai tossir e fazer barulho com os sapatos.
Vou ficar contente e e nem era preciso o cuidado:
o corpo inteiro guarda-lhe os cheiros e adivinha-o com os olhos.
Estudo o vento todas as tardes.
Olho as colinas por onde vem quem espero, quem me conhece de coração,
.......................................................de quem sei as cores que traz nos olhos;
são as que lhe dei naquele dia que sabe.
Etiquetas: poetas meus amigos
DESASSOSSEGOS - 134
certamente que não para viver
Dentro da vida vamos escolher
o erro certo ou a certeza errada
agitação do amor em que prazer
nem sempre é o que fica de querer
ser o amador e ser a coisa amada?
também de ser já nada nos resgata
Não estamos preparados para o nada:
certamente que não para morrer
Etiquetas: desassossegos
09/03/12
ESCREVER - 110
Etiquetas: escrever
08/03/12
EM MAIS UM DIA INTERNACIONAL DA MULHER
( e porque ainda há muito a fazer em Portugal e no Mundo)
Etiquetas: efemérides
07/03/12
CAMONIANAS - 72
Porque, enfim, tudo passa
não sabe o tempo ter firmeza em nada;
e nossa vida escassa
foge tão apressada
que, quando se começa, é acabada.
(excerto da ode Fogem as neves frias )
Etiquetas: camonianas
06/03/12
05/03/12
POETAS MEUS AMIGOS -161
Iluminações
Etiquetas: poetas meus amigos