26/03/12

DO FALAR POESIA - 143

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«A poesia não é um juízo nem uma interpretação da  existência humana», disse Octavio Paz, e nesse sentido não pode aspirar a ser veículo de nenhuma moral, de nenhuma consciência de classe. A sua amoralidade funda-se na realidade ser utilizada como vida sentimental interior, material de trabalho. A miséria social dos homens pode ser reflectida nela e suscitar a crença de que por ela é trans-
formada. Mas os poemas não lutam, «lutam os homens que os lêem». Opor a um mundo corrompido pela injustiça «a poesia, o amor e a liberdade» parecerá a muitos uma ingenuidade. Não pensavam assim nem Breton nem Éluard, para quem a experiência amorosa é a experiência revolucionária por excelência. A poesia proporciona a possibilidade de «iluminar» a realidade.


 Eduardo Bustos

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