31/03/08

OS MEUS POETAS - 85


Amo o teu túmido candor de astro
a tua pura integridade delicada
a tua permanente adolescência de segredo
a tua fragilidade sempre altiva

Por ti eu sou a leve segurança
de um peito que pulsa e canta a sua chama
que se levanta e inclina ao teu hábito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata

Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar

Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias
porque é por ti que nasço
porque amo o ouro vivo do teu rosto.

António Ramos Rosa

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23/03/08

VOU-ME EMBORA P'RA PASÁRGADA


Uma Páscoa feliz a todos! Voltarei daqui a uns dias.

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22/03/08

NOCTURNOS - 51


van gogh

Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
- para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver os fantasmas a dançar na lua.
Dá-me a tua mão, companheira,
até o Abismo da Ternura Derradeira

José Gomes Ferreira

21/03/08

NO TEMPO DA FROL

Para celebrar, por um lado a chegada oficial da primavera e, por outro, este tempo da frol - e Dia Mundial da Poesia, - a letra de uma bela canção de Jacques Brel:

chagall
Au printemps

Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc
Au printemps au printemps
Les amants vont prier
Notre-Dame du bon temps
Au printemps
Pour une fleur un sourire un serment
Pour l'ombre d'un regard en riant

Toutes les filles
Vous donneront leurs baisers
Puis tous leurs espoirs
Vois tous ces cœurs
Comme des artichauts
Qui s'effeuillent en battant
Pour s'offrir aux badauds
Vois tous ces cœurs
Comme de gentils mégots
Qui s'enflamment en riant
Pour les filles du métro

Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc
Au printemps au printemps
Les amants vont prier
Notre-Dame du bon temps
Au printemps
Pour une fleur un sourire un serment
Pour l'ombre d'un regard en riant

Tout Paris
Se changera en baisers
Parfois même en grand soir
Vois tout Paris
Se change en pâturage
Pour troupeaux d'amoureux
Aux bergères peu sages
Vois tout Paris
Joue la fête au village
Pour bénir au soleil
Ces nouveaux mariages

Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc
Au printemps au printemps
Les amants vont prier
Notre-Dame du bon temps
Au printemps
Pour une fleur un sourire un serment
Pour l'ombre d'un regard en riant

Toute la Terre
Se changera en baisers
Qui parleront d'espoir
Vois ce miracle
Car c'est bien le dernier
Qui s'offre encore à nous
Sans avoir à l'appeler
Vois ce miracle
Qui devait arriver
C'est la première chance
La seule de l'année

Au printemps au printemps
Et mon cœur et ton cœur
Sont repeints au vin blanc
Au printemps au printemps
Les amants vont prier
Notre-Dame du bon temps

Au printemps
Au printemps
Au printemps

Jacques Brel

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«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE»- 24



Violoncelo


Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trémulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
– Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.

Camilo Pessanha.Clepsydra

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20/03/08

PÉROLAS - 129



Eu queria que os outros dissessem de mim: Olha um homem! Como se diz: Olha um cão! quando passa um cão; como se diz: olha uma árvore! quando há uma árvore. Assim, inteiro, sem adjectivos, só de uma peça: Um homem!

Almada Negreiros

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19/03/08


Frustrados com décadas de ocupação chinesa, os tibetanos tomaram as ruas. Peça para a China respeitar os direitos humanos dos manifestantes e abra um diálogo com o Dalai Lama.
htttp://www.avaaz.org/po/tibet_end_the_violence/14.php
Entretanto, a associação de budistas portugueses apela ao boicote aos produtos chineses.

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POETAS MEUS AMIGOS - 76



Jiang Li


Respondi-lhe que as musas
andam hoje por bares e cafés,
que em nenhuma cidade
conheço um bar com nome Fonte de Castália,
que as musas alta madrugada
enchem as discotecas
onde ninguém as pode ver senão
a dançar com os outros e a beber cerveja
e que a noite se torna insuportável
de vómitos e lixo.
Como quereria ela que eu buscasse
outra musa nos coutos da cidade
poluída de carros e desprezo
por quem não vive e escreve versos?

Sem argumentos, disse
que as musas eram só ficção,
evitando como é seu hábito
olhar-me frontalmente nestas coisas
e mandando recados
contrários aos de Euterpe e banindo Eros,
já que falo de musas e de mitos.

E retorqui: ficção por ficção mais me vale
apelar à memória
e não ficar sozinho sem assunto
para o poema.

Perguntei-lhe se ainda se lembrava
da miúda que eu vira há uns dez anos,
e que lhe tinha dito ser
de todas a mais linda que encontrara
nos caminhos do grande mundo,
íamos no comboio para Weert,
os dois, eu e Jiang Li, a Belo Rio.

Que se lembrava, sim, sem ligar a Jiang Li,
etereamente simples, de blusa branca e jeans.

Não dissemos mais nada, e hoje o comboio
avança sem cessar, dias e noites,
levando Jiang Li pela grande planície,
sem nunca, nem mesmo hoje,
lhe ter escrito um verso.

Nuno Dempster
http://esquerda-da-virgula.blogspot.com/

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18/03/08

PENSAR - 76


Saber pensar o seu pensamento

Saber ver necessita saber pensar o que se vê. Saber ver implica portanto saber pensar, como saber pensar implica saber ver. Saber pensar não é algo que se obtenha por técnica, receita ou método. Saber pensar não é apenas aplicar a lógica e a verificação aos dados da experiência. Isso supõe também saber organizar os dados da experiência. Precisamos portanto de compreender que regras, que princípios comandam o pensamento que nos permite organizar o real, isto é, seleccionar / privilegiar certos dados e eliminar / subalternizar outros. Precisamos de adivinhar a que pulsões obscuras, a que necessidades do nosso ser, a que idiossincrasia do nosso espírito obedece ou responde o que temos por verdade. Numa palavra, saber pensar significa indissociavelmente saber pensar o seu pensamento. Necessitamos de nos pensar pensando, de nos conhecer conhecendo. Essa é a exigência reflexiva fundamental, que não é tão-só a do filósofo profissional, que não deveria estender-se apenas ao cientista, mas que deve ser a de cada um e de todos.
Edgar Morin in “as grandes questões do nosso tempo
trad. adelino dos santos rodrigues - editorial notícias,1994

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17/03/08

OS MEUS POETAS - 84



Ficou para trás, quente, a vida,
a marca colorida dos meus olhos, o tempo
em que ardiam no fundo de cada vento
mãos vivas, cercando-me...

Ficou a carícia que não encontro...
senão entre dois sonos, a infinita
minha sabedoria em pedaços. E tu, palavra
que transfiguravas o sangue em lágrimas.

Nem sequer um rosto trago
comigo, já ultrapassado em outro rosto
como esperança no vinho e consumado
em acesos silêncios...

Volto sozinha
entre dois sonos lá 'trás, vejo a oliveira
rósea nas talhas cheias de água e lua
do longo inverno. Torno a ti que gelas

na minha leve túnica de fogo.

Cristina Campo

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16/03/08

LEITURAS - 69



O primeiro movimento da manhã é a escolha do vento;
nada é indiferente ao corpo que acorda para mais uma descida pela vida;
no ritmo da cor, escolhe um tecido, e seu feitio presente.
Fica cingida a ele, desnuda a própria face.
A caneta interrompe a narrativa do diário em bruto. O quarto vibra em tumultuoso silêncio. Deste modo se levanta e caminha para a visão que lhe é preciosa, tanto quanto a palavra da sua língua, tanto quanto a companhia dos companheiros ausentes e presentes.
Escreve no registo para as compras do dia
grão,
batatas,
água.
Maria Gabriela Llansol, Os Cantores de Leitura

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15/03/08

OMNIA VINCIT AMOR - 97




Balânida I


É um minúsculo coração
Com a ponta para o ar;
Altivo símbolo de amar,
É um mais terno coração.

Que pranto verte, de amor,
Mais que lava, corrosivo,
Mais q' um adeus, desmedido,
Branco como branca flor!




[...]

1891.

Paul Verlaine (1844-1896) - Hombres , Algumas Mulheres
(Tradução de Luiza Neto Jorge)



C’est un plus petit cœur
Avec la pointe en l’air ;
Symbole doux et fier
C’est un plus tendre cœur.

Il verse ah ! que de pleurs
Corrosifs plus que feu
Prolongés mieux qu’adieu
Blancs comme blanches fleurs !

[...]


Paul Verlaine

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14/03/08

PENSAR - 75



Nada é Certo

Ninguém avança pela vida em linha recta. Muitas vezes, não paramos nas estações indicadas no horário. Por vezes, saímos dos trilhos. Por vezes, perdemo-nos, ou levantamos voo e desaparecemos como pó. As viagens mais incríveis fazem-se às vezes sem se sair do mesmo lugar. No espaço de alguns minutos, certos indivíduos vivem aquilo que um mortal comum levaria toda a sua vida a viver. Alguns gastam um sem número de vidas no decurso da sua estadia cá em baixo. Alguns crescem como cogumelos, enquanto outros ficam inelutavelmente para trás, atolados no caminho. Aquilo que, momento a momento, se passa na vida de um homem é para sempre insondável. É absolutamente impossível que alguém conte a história toda, por muito limitado que seja o fragmento da nossa vida que decidamos tratar.
Henry Miller, "O Mundo do Sexo"
in http://www.citador.pt/

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13/03/08

DE AMICITIA - 71



O anoitecer situa as coisas na minha alma
Como as cadeiras arrumadas
Quando os amigos partiram...

Vitorino Nemésio – encontrado em http://www.vozromazeira.blogspot.com/

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12/03/08

ANO VIEIRINO - 5

"Não ver nada é privação; ver uma cousa por outra é erro. Eis aqui porque sempre erra o juízo próprio: eis aqui porque nunca acabamos de nos conhecer.”



Padre António Vieira
Sermão da Quarta Dominga do Advento (Lisboa, Capela Real, 1650)

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11/03/08

DO FALAR POESIA - 78


Leyendo un claro dia

Leyendo un claro día
mis bien amados versos,
he visto en el profundo
espejo de mis sueños

que una verdad divina
temblando está de miedo,
y es una flor que quiere
echar su aroma al viento.

El alma del poeta
se orienta hacia el misterio.
Sòlo el poeta puede
mirar lo que está lejos
dentro del alma, en turbio
y mago son envuelto.

En esas galerías,
sin fondo, del recuerdo,
donde las pobres gentes
colgaron cual trofeo

el traje de una fiesta
apolillado y viejo,
allí el poeta sabe
el laborar eterno
mirar de las doradas
abejas de los sueños.

Poetas, con el alma

atenta al hondo cielo,
en la cruel batalla
o en el tranquilo huerto,

la nueva miel labramos
con los dolores viejos,
la veste blanca y pura
pacientemente hacemos,
y bajo el sol bruñimos
el fuerte arnés de hierro.

El alma que no sueña,
el enemigo espejo,
proyecta nuestra imagen
con el perfil grotesco.

Sentimos una ola
de sangre en nuestro pecho,
que pasa..., y sonreímos,
y a laborar volvemos.


Antonio Machado
Encontrado em modus vivendi- http://amata.anaroque.com/

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10/03/08

PÉROLAS -128



aquela cuja alma estava tão cheia de folhas
de rosa banhadas em
vinho dourado que não
restava nela nenhum espaço
para qualquer maldade


ezra pound, «o livro de hilda» (H.D, Hilda Doolittle)
encontrado em http://www.cadernos-amf.blogspot.com/

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09/03/08

«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE» - 23




Inscrição

Eu vi a luz em um país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme.
Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme...


Camilo Pessanha, Clepsydra

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08/03/08

DA EDUCAÇÃO -38



Marcha da indignação

Maior manifestação de sempre reúne cem mil pessoas


Eu já tinha orgulho de ser professora. Hoje esse meu orgulho saiu reforçado.
A classe docente está viva e não admite ser maltratada pelo poder.

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NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER



No feminino

As mulheres são seres fantásticos. Em todos os sentidos que o termo possa encerrar. A elas pertence o poder de gerar vida, do seu sangue nascem cavalos alados, dão nome a furacões, tecem o tempo em fios de lã, matam e morrem por amor, vivem durante mais tempo e possuem um secreto poder de encantamento. As mulheres não precisam de um dia que as anuncie porque todos os dias lhes pertencem.

Margarida Antunes
- in http://essencial-ou-acessorio.blogspot.com/

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DESASSOSSEGOS - 69



[Insónia]
De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então,das duas uma:partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável.
No segundo caso, o homem que não dorme pensa: «o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade gasta do meu corpo, esmagar o coração.

Carlos de Oliveira, Trabalho Poético
encontrado em http://novelosdesilencio.blogspot.com/

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07/03/08

O SOM DO SILÊNCIO


imagem retirada do blogue -a educação do meu umbigo

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POEMAS COM ROSAS DENTRO - 49



Litania


Cresci como as roseiras de Jericó,
como as oliveiras magníficas na planície.

Salomão- Livro do Ecclesiastes, 24, 14

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06/03/08

DA EDUCAÇÃO -37

«quando a desordem se torna ordem uma atitude se impõe: afrontamento»

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OMNIA VINCIT AMOR - 96

mármore de Canova
A metamorfose do homem apaixonado

A paixão desenvolve a sensibilidade; torna o rústico amável e dá coração ao poltrão. No ser mais miserável e mais abjecto, instilará a audácia e a força de desafiar o mundo, por pouco que ele seja encorajado pelo ser amado. Dando a outro, ele o dá mais a ele próprio. É um homem novo, com percepções novas, perspectivas novas e mais vivas, e uma solenidade religiosa no carácter e objectivos.

Ralph Waldo Emerson, in 'O Amor'

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05/03/08

DE AMICITIA - 70



Os ausentes

Os ausentes necessitam sempre
bilhetes, cartas e coisas
vezes pequenas lembranças
uma gravata, um poema, um postal.

Os ausentes são tão necessitados
que ninguém os lembra
nem só por saudade ou falta.

Os ausentes têm mãos invisíveis
e figura tão diáfana
que os versos para eles
já nascem feitos poemas.

Os ausentes por qualquer acaso
jamais fogem ao nosso convívio
ainda que a distância seja tanta.

Dos ausentes fica sempre um sorriso
como as pinturas recheias
de surpresa, reencontro e irreal.

Roberto Pontes

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04/03/08

LEITURAS - 68

SENTO-ME aqui nesta sala vazia e relembro. Uma lua quente de Verão entra pela varanda, ilumina uma jarra de flores sobre a mesa. Olho essa jarra, essas flores, e escuto o indício de um rumor de vida, o sinal obscuro de uma memória de origens. No chão da velha casa a água da lua fascina-me. Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza. Tento descobrir a face última das coisas e ler aí a minha ver­dade perfeita. Mas tudo esquece tão cedo, tudo é tão cedo inacessível. Nesta casa enorme e deserta, nesta noite ofegante, neste silêncio de estalactites, a lua sabe a minha voz primordial. Venho à varanda e debruço-me para a noite. Uma aragem quente banha-me a face, os cães ladram ao longe desde o escuro das quintas, fre­mem no ar os insectos nocturnos. Ah, o sol ilude e reconforta. Esta cadeira em que me sento, a mesa, o cinzeiro de vidro, eram ob;ectos inertes, dominados, to­dos revelados às minhas mãos. Eis que os trespassa agora este fluido inicial e uma presença estremece na sua face de espectros... Mas dizer isto é tão absurdo!
Sinto, sinto nas vísceras a aparição fantástica das coisas, das ideias, de mim, e uma palavra que o diga coalha-me logo em pedra. Nada mais há na vida do que o sentir original (...)

Vergílio Ferreira - Aparição.

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03/03/08

NOCTURNOS - 50




Luzeiro do céu,
Dá-me a luz que cega;
Inunda o mundo,
Esta noite negra.

Quíchuas, América do Sul
(fragmento)

versão de Herberto Hélder em Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro

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02/03/08

ESCREVER - 62




" traduzir é inumano: nenhuma língua ou rosto se deixa traduzir. deve-se deixar a beleza intacta e colocar outra, para acompanhá-la: sua unidade perdida está adiante".

«traduzir poesia é mais difícil que escrevê-la".

Juan Gelman

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01/03/08

POETAS MEUS AMIGOS - 75



as mãos

olhou o pão na mesa e deixou cair
as mãos como sementes
para que tudo crescesse a partir
do chão

olhou o mar

e viu as lágrimas
das trevas
iluminadas pelo firmamento

depois sentiu que se fechasse os olhos
por um pequeno instante
tudo voltaria ao caos

as mães têm as mãos grandes


Maria Azenha no seu novo livro «A chuva nos espelhos»

Parabéns, Maria!

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