30/04/07

DE AMICITIA - 55



Amizade não se Procura, Exercita-se


Desejar a amizade é um grande erro. A amizade deve ser uma alegria gratuita como as que a arte ou a vida oferecem. É preciso recusá-la para se ser digno de a receber: ela é da categoria da graça («Meu Deus, afastai-vos de mim...»). É dessas coisas que são dadas por acréscimo. Toda a ilusão de amizade merece ser destruída.[…]

A amizade não se procura, não se imagina, não se deseja; exercita-se (é uma virtude).
[…]
A amizade não se deixa afastar da realidade, tal como o belo. E o milagre existe, simplesmente, no facto de que ela existe.

Simone Weil, in 'A Gravidade e a Graça'

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29/04/07

«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE» -9




Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, – meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou ao caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!)
A mesa de eu cear, – tábua tosca, de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
– Da minha vida o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais,
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
De noite a mendigar às portas dos casais.

Camilo Pessanha,Clepsydra

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28/04/07

DO FALAR POESIA - 63

[...]"o poema, sendo como é uma forma de manifestação da linguagem e, por conseguinte, na sua essência dialógico, pode ser uma mensagem na garrafa, lançada ao mar na convicção - decerto nem sempre muito esperançada - de um dia dar a alguma praia, talvez a uma praia do coração. Também neste sentido os poemas estão a caminho - têm um rumo.Para onde? Em direcção a algo aberto, de ocupável, talvez a um tu apostrofável, a uma realidade apostrofável. Penso que para o poema o que conta são essas realidades. E acredito ainda que raciocínios como este acompanham, não só os meus próprios esforços, mas também os de outros poetas da geração mais nova. São os esforços de quem, sem tecto, também neste sentido até agora nem sonhado e por isso desprotegido da forma mais inquietante, vai ao encontro da língua com a sua existência, ferido de realidade e em busca de realidade."[...]
PAUL CELAN-"arte poética, o meridiano e outros textos"
-edições cotovia;tradução joão barrento

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27/04/07

OMNIA VINCIT AMOR - 75




LIEBESLIED /CANÇÃO DE AMOR

Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?
Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.
Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.
A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?
Oh, doce canção.

Rainer Maria Rilke em Novas Poesias (Neue Gedichte)
Trad. de Júlia Guarda Ribeiro

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26/04/07

DESASSOSSEGOS - 52



O livro

Havia de encontrar
alguma velha ferida
e nela, supurando ainda,
teu rosto :
outonos e invernos
esquecidos
entre páginas amarelas
e a dor,
essa traça inútil.

Micheliny Verunschk

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25/04/07

HÁ 33 ANOS


imagem de Magritte


Esta é a madrugada que eu esperava
0 dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

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18/04/07




...mas por poucos dias...


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17/04/07

CAMONIANAS - 31




Em prisões baixas fui um tempo atado,
Vergonhoso castigo de meus erros;
Inda agora arrojando levo os ferros
Que a Morte, a meu pesar, tem já quebrado.

Sacrifiquei a vida a meu cuidado,
Que Amor não quer cordeiros nem bezerros;
Vi mágoas, vi misérias, vi desterros:
Parece-me que estava assi ordenado.

Contentei-me com pouco, conhecendo
Que era o contentamento vergonhoso,
Só por ver que cousa era viver ledo.

Mas minha estrela, que eu já agora entendo,
A Morte cega e o Caso duvidoso,
Me fizeram de gostos haver medo.


Luís de Camões, Rimas

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15/04/07

OMNIA VINCIT AMOR - 74


O desejo
O desejo a impele ao encontro do amante
O receio a detém por um momento
Parece a seda de um estandarte
Que ora se abandona ora se furta ao vento
Kalidasa, séc. V - Índia
Trad.: Jorge Sousa Braga

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14/04/07

ESCREVER - 51




Escreve!

Senta-te diante da folha de papel e escreve. Escrever o quê? Não perguntes. Os crentes têm as suas horas de orar, mesmo não estando inclinados para isso. Concentram-se, fazem um esforço de contensão beata e lá conseguem. Esperam a graça e às vezes ela vem. Escrever é orar sem um deus para a oração. Porque o poder da divindade não passa apenas pela crença e é aí apenas uma modalidade de a fazer existir. Ela existe para os que não crêem, como expressão do sagrado sem divindade que a preencha. Como é que outros escrevem em agnosticismo da sensibilidade? Decerto eles o fazem sendo crentes como os crentes pelo acto extremo de o manifestarem. Eles captarão assim o poder da transfiguração e do incognoscível na execução fria do acto em que isso deveria ser. Escreve e não perguntes. Escreve para te doeres disso, de não saberes. E já houve resposta bastante.
Vergílio Ferreira, in "Pensar"

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13/04/07

PÉROLAS - 108



As árvores no parque

A relva
Cada vez mais verde

A tua voz
Ontem

Alberto de Lacerda

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12/04/07

RETRATOS DE UM PAÍS QUE QUASE JÁ NÃO HÁ - 13




...e eu recordo grandes jornais desaparecidos: Diário de Lisboa, A Capital, República, Diário Popular...Lembro, em particular, estes, porque havia um velho ardina em Coimbra, no meu tempo de estudante, o Teixeira de todos nós, que apregoava, em tempos de repressão salazarista (claro que ensinado pela «malta»que o tinha sob sua protecção- ele era meio tontinho, mas uma figura gentil):
LISBOA-CAPITAL-REPÚBLICA-POPULAR!
E lembro ainda outros, como O Século...

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11/04/07

DE AMICITIA - 54




Abrir o Entendimento, Pela Amizade

O fruto da amizade é saudável e excelente para o entendimento, pois a amizade converte as tormentas e as tempestades dos sentimentos em dia límpido, e ilumina com luz solar as trevas e a confusão dos pensamentos. Não se deve entender com isso apenas os conselhos fiéis que se recebem de um amigo. Antes deles, é fora de dúvida que quem tenha a mente borbulhante de pensamentos logrará clarificar e ordenar o entendimento comunicando as suas ideias a outrem. Trará à tona mais facilmente os pensamentos; ordená-los-á de maneira mais eficaz; julgará como parecem quando convertidos em palavras; em suma, far-se-à mais sábio do que é, alcançando numa hora de palestra mais do que num dia inteiro de meditação.
Disse bem Temístocles ao Rei da Pérsia, que o falar é como pano de Arras, desenfardado e posto à venda: nele, as imagens são exibidas, enquanto que, no pensamento, permanecem enfardadas. Este fruto da amizade, o de abrir o entendimento, não se restringe apenas aos amigos capazes de nos dar conselho (estes são, na verdade, os melhores); mesmo sem isso, aprendemos acerca de nós mesmos, trazemos os nossos pensamentos à luz e afiamos a agudeza do nosso engenho como se contra uma pedra de amolar, que, ela própria, não corta. Dizendo-o numa palavra: é preferível confessarmo-nos com uma estátua ou uma figura de quadro do que deixar em branca nuvem os nossos pensamentos.
Francis Bacon, in 'Ensaios Civis e Morais'

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10/04/07

CAMONIANAS - 30


foto:ana assunção

Coisa amar ...


Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar.Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
Num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre

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09/04/07

LEITURAS - 39

"E quais eram, afinal, a forma e a máscara sob as quais o amor vedado e oprimido reaparecia? Assim perguntou o Dr. Krokowski, e deixou o seu olhar passar ao longo das filas, como se esperassse seriamente uma resposta dos seus ouvintes. Mas cabia-lhe ainda a ele dizê-lo, a ele que tantas coisas dissera já. Ninguém, a não ser ele o sabia; mas ele não falharia certamente, notava -se na sua expressão. Com os seus olhos ardentes, a sua palidez de cera, a sua barba negra e as sandálias de monge por cima das meias de lã cinzenta parecia simbolizar em pessoa, o combate entre a castidade e a paixão, de que acabara de falar. Pelo menos era a impressão de Hans Castorp, enquanto, como todos os demais esperava com suma curiosidade ficar sabendo sob que forma reaparecia o amor recalcado. As mulheres mal se atreviam a respirar. O promotor Paravant coçou mais uma vez a orelha para que, no instante decisivo, pudesse recolher a resposta. Depois o Dr. Krokowski disse: "Sob a forma de doença". O sintoma da doença era uma actividade amorosa disfarçada e toda a doença era metamoforse do amor."

Thomas Mann in "Montanha Mágica"

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08/04/07

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PÉROLAS - 107




É por tudo ter de acabar que tudo é tão belo.

Charles Ramuz

In http://www.citador.pt/
foto de Amélia Pais

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07/04/07

PENSAR - 62




[Dois excertos]


Tudo o que vejo parece-me um reflexo, tudo o que ouço, um eco distante, e a minha alma procura a fonte maravilhosa, pois tem sede de água pura. Passam os séculos e gasta-se o mundo, mas a minha alma permanece jovem; vigia entre as estrelas, na noite dos tempos.
***
Não julgues. A vida é um mistério, cada um obedece a leis diferentes. Conheces porventura a força das coisas que os conduziram, os sofrimentos e os desejos que cavaram o seu caminho? Surpreendestes porventura a voz da sua consciência a revelar-lhes em voz baixa o segredo do seu destino? Não julgues; olha o lago puro e a água tranquila onde vêm quebrar-se as mil vagas que varrem o universo... é preciso que aconteça tudo aquilo que vês. Todas as ondas do oceano são precisas para levar ao porto o navio da verdade.

Jeanne de Vietinghoff


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05/04/07

OS MEUS POETAS - 71



Conchas

Quando alguém parte,tem de deitar
ao mar o chapéu com as conchas
apanhadas ao longo do Verão,
e ir-se com o cabelo ao vento,
tem de lançar ao mar
a mesa que pôs para o seu amor,
tem de deitar ao mar
o resto de vinho que ficou no copo,
tem de dar o seu pão aos peixes
e misturar no mar uma gota de sangue,
tem de espetar bem a faca nas ondas
e afundar o sapato,
coração, âncora e cruz,
e ir-se com o cabelo ao vento!
Depois, regressará. Quando?
Não perguntes.

Ingeborg Bachmann
encontrado em modus vivendi-http://amata.anaroque.com/

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04/04/07

PÉROLAS -106




Há um melro que faz
o ninho na minha memória. Ouço-o
agora. Canta
a flor das giestas
e da cerejeira. Traz,
emoldurados no bico,
os meus dezoito anos.
Albano Martins

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DO FALAR POESIA - 62












O poema está em todo o lado. A tua voz
por vezes surge a seu lado
como o golfinho que por um pouco de sol acompanha
uma galera dourada ao sol
e de novo desaparece.O poema está em todo o lado
como as asas do vento dentro de vento
que tocaram as asas da gaivota por um instante.
Yorgos Seferis

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03/04/07

OMNIA VINCIT AMOR - 73




És dura comigo, dura,
és dura de coração, meu amor, dura.
És fria comigo, fria,
és fria de coração, meu amor, fria.
Porque espero por ti e não vens, espero,
não vens e espero por ti, e não vens nunca.
O grito com quem hei-de chamar-te será diferente agora:
descerei ao mundo de baixo, meu amor,
e do mundo fundo e escuro gritarei o teu nome,
meu amor, gritarei do fundo do mundo o teu nome.

Índios Kwakintes
in «Poemas Ameríndios» - Poemas mudados para português por Herberto Helder,

Assírio & Alvim, 1997

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02/04/07

LER OS CLÁSSICOS - 65


paul gauguin-petit berger de Provence


Frei Bartolomeu dos Mártires e o Pastorinho


Com a entrada do ano novo determinou começar a visitar o Arcebispado. Diziam-lhe os cónegos e desembargadores que era ó tempo do Inverno mui áspero naquelas partes, de muitas neves e frios intoleráveis; que lhe poderiam fazer dano irreparável na saúde. A isto respondia que o bom pastor não deixava de estar com suas ovelhas por medo das chuvas, nem frios, nem calmas, nem tempestades; porque então têm elas mais necessidade de sua companhia.
(...)
Era fim de Janeiro, tempo ventoso e frigidíssimo. Deixou o abrigo e chaminés dos seus paços, foi-se experimentar os maus caminhos e piores gasalhados das aldeias... Mas queixavam-se os seus que não podiam aturar a continuação do trabalho, dos caminhos, das invernadas; ele só, com trabalhar mais que todos; sofria desassombradamente todas as incomodidades; e nos caminhos, por fragosos e ásperos que fossem, era o primeiro que os acometia, pondo-se na dianteira.
Passavam um dia de um lugar para outro. Salteou-os uma chuva fria e importuna, que os não largou na maior parte da jornada; e corria um vento agudo e desabrigado, que os congelava. Tinha-se adiantado o Arcebispo, segundo seu costume, que era caminhar quase sempre só pera se ocupar com mais liberdade em suas contemplações; e ia fazendo matéria de tudo quanto via no campo e na serra, para louvar a Deus.
Ofereceu-se-lhe à vista, não longe do caminho, posto sobre um penedo alto e descoberto ao vento e à chuva, um menino pobre e bem mal reparado de roupa, que vigiava umas ovelhinhas que ao longe andavam pastando. Notou o Arcebispo a estância, o tempo, a idade, o vestido, a paciência do pobrezinho: e viu juntamente que ao pé do penedo se abria uma lapa, que podia ser bastante abrigo para o tempo. Movido de piedade, parou, chamou-o, e disse-lhe que se descesse abaixo pera a lapa e fugisse da chuva, pois não tinha roupa bastante pera a esperar.
— Isso não! — respondeu o pastorinho, — que, em deixando de estar alerta e com o olho aberto, vem logo o lobo e leva-me a ovelha, ou vem a raposa e mama-me o cordeiro!
— E que vai nisso? — disse o Arcebispo.
— A mi me vai muito — tornou ele, — que tenho pai em casa, que pelejará comigo, e tão bom dia se não forem mais que brados. Eu vigio o gado, ele me vigia a mim: mais vale sofrer a chuva...
Não quis o Arcebispo dar mais passo. Esperou que chegassem os da sua companhia, contou-lhes o que se passara com o menino e acrecentou:
— Este esfarrapadinho inocente ensina a Frei Bartolomeu a ser Arcebispo! Este me avisa que não deixe de acudir e visitar minhas ovelhas, por mais tempestades que fulmine o céu; que, se este, com tão pouco remédio pera as passar, todavia não foge delas, respeitando o mandado do pai mais que o descanso, que razão poderei eu dar, se, por medo de adoecer ou padecer um pouco de frio, desemparar as ovelhas cujo cuidado e vigia Cristo fiou de mim, quando me fez pastor delas?

Manuel de Sousa Coutinho, Frei Luís de Sousa* -Vida e Obra de D. Frei Bartolomeu dos Mártires, Liv. I, cap. XIV



* Frei Luís de Sousa (1556-1632), nome religioso de Manuel de Sousa Coutinho, nascido em Santarém e falecido em Lisboa. Era um fidalgo - cavaleiro da Ordem Militar de Malta. Como personagem dá o nome à peça Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

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01/04/07

NOCTURNOS - 29





Um murmúrio imperceptível
durante o dia,
enche toda a penumbra

nocturna.



Teixeira de Pascoaes

foto de fernanda sal monteiro

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