31/07/09

PÉROLAS - 169











Os pés descalços
pedem os olhos no chão

e estou descalço
és o chão

Zef(erino)
in a voz da romãzeira -http://vozromazeira.blogspot.com/

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30/07/09

POEMAS COM ROSAS DENTRO - 71



Rosa em chamas

Sobre um oceano
de campainhas
subitamente


flutua outra manhã

Giuseppe Ungaretti
trad.de Geraldo Holanda Cavalcanti

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29/07/09

OMNIA VINCIT AMOR - 127



Fecho a porta e as janelas,
a casa se foi.
eu vou,
leve como quem já conhece o amor,
Nenhum pássaro sabe como é voar
[com os pés no chão,
eu sei.


Gabriela Marcondes

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28/07/09

DE AMICITIA - 88



O amigo...

Um amigo é como uma árvore. Vive de sua inutilidade. Pode até ser útil um dia, mas não é isso que o torna um amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de comunhão. Diante do amigo, sabemos que não estamos sós.

Rubem Alves

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27/07/09

PÉROLAS - 168


Mikis Theodorakis -axion esti

Ó Sol imaginado da justiça * e tu mirto das glórias

por favor vos peço não * esqueçais a minha terra!

Odysséas Elytis, Louvada Seja (Áxion Estí)

trad. de Manuel Resende - Assírio e Alvim

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26/07/09

LEITURAS - 117



(...)
O mês de Julho fora quente e luminoso. Mas no princípio do novo mês fez-se mau tempo, reinou uma humidade fria, chuva mesclada de neve, seguida de uma nevada incontestável e esse Verão, além do fim de Agosto, até pleno Setembro. No começo os quartos conservaram o calor do período estival precedente: registaram-se dez graus no seu interior, o que passava por uma temperatura agradável. Mas aos poucos o frio aumentava, e o aspecto da neve que caía sobre o vale causou viva satisfação, porque só ele - a queda de temperatura não teria bastado- decidiu a Administração a acender o aquecimento central, em primeiro lugar na sala de jantar e depois também nos quartos; e quem, após ter cumprido o dever do repouso, se desembaraçasse dos dois cobertores e, abandonando a sacada, entrasse no aposento, podia tocar com as mãos húmidas e enregeladas os radiadores reanimados, cuja emanação seca intensificava o ardor das faces.Era isto o Inverno? Os sentidos não se esquivavam a essa impressão, e todos lamentavam « que lhes tivessem roubado o Verão», posto que eles mesmos, ajudados por circunstâncias artificiais e naturais, por um pródigo consumo do tempo, o tivessem esbanjado eles próprios. A razão argumentava que ainda viriam uns belos dias de Outono, talvez até uma série deles, e que teriam um esplendor tão cálido que não seria excessiva honra atribuir-lhes nome de Verão - uma vez que se fizesse abstracção da órbita do Sol já menos oblíqua e do facto de anoitecer mais cedo. Mas o efeito que a paisagem de Inverno exercia sobre a alma era mais forte que todas as consolações. Pelo menos era essa a atitude de Joachim que disse numa voz oprimida:
-Irá recomeçar isto agora?
Hans Castorp respondeu do fundo do quarto:
- Seria um pouco prematuro. Isto não pode ser definitivo, mas têm uma aparência terrivelmente definitiva. Se o Inverno consiste na escuridão, na neve, no frio e nos radiadores quentes, temos outra vez Inverno, não podemos negá-lo. E quando considero que o Inverno acaba apenas de terminar e mal passou o degelo - em todo o caso parece-nos que acabamos de sair da Primavera; não achas? - bem, sentimo-nos desanimados, francamente! Estas ideias são perigosas para o nosso optimismo. Vou-te explicar o que estou a dizer. Quero dizer que o mundo normalmente está organizado de maneira a corresponder às necessidades do homem e a estimular-lhe a alegria de viver; isto deve ser admitido(...) Mas o caso é que as nossas necessidades e os factos básicos e gerais da Natureza estão, graças a Deus, de acordo uns com os outros. (...) Na planície, quando vem o Verão ou o Inverno, já passou tanto tempo desde o Verão ou Inverno anteriores, que a estação que chega é-nos outra vez nova e bem-vinda, e disso deriva a alegria de viver. Mas aqui em cima, essa ordem e esse acordo são perturbados, primeiro porque no fundo não há verdadeiras estações, como tu mesmo me disseste uma vez, mas somente dias de Inverno e dias de Verão misturados, numa completa desordem e segundo, porque aquilo que decorre para nós aqui não é Tempo, de maneira que o Inverno quando chega, não é novo, mas sim o mesmo que
o passado. Daí se explica o mau humor com que estás a olhar pela janela.
(...)
Thomas Mann , A Montanha Mágica
excertos seleccionados e colocados em http://aguarelast.blogspot.com/

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25/07/09

POETAS MEUS AMIGOS - 107



sossego



uma chuva que não
cessa um canto

morno porta
retratos e xícaras

de chá

à noite gosto
de me deixar
doer


Adair Carvalhais Jr.
http://ventosdesencontrados.blogspot.com/

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24/07/09

LER OS CLÁSSICOS - 111




Belos olhos ferindo-me em tal guisa

que eles mesmos curar podem a chaga,
não em virtude de erva ou de arte maga,
ou pedra de além-mar que se utiliza,

fazem-me a vida de outro amor excisa,
que um só doce pensar a alma afaga;
e se a língua em desejo o segue e vaga,
não ela, mas a escolta e o escárnio visa.

São esses belos olhos que a empresa
de meu senhor vitoriosa fazem
que em toda a parte e no meu peito avance;

são esses belos olhos que me trazem
sempre no coração a chama acesa,
por que, deles falando, eu não me canse.

Francesco Petrarca (1304-1374), Rimas
trad. de Vasco Graça Moura, ed. Bertrand, 2003.

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23/07/09

ALENTEJO NÃO TENS SOMBRA

Alentejo não tens sombra
Senão a que vem do céu
Abrigue-se aqui, menina,
Debaixo do meu chapéu.

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LEITURAS - 115





"Penso que não sofria com a tua partida. Estava tudo ali como habitualmente, as árvores, as rosas, a sombra móvel da casa sobre o terraço, a hora e a data, e tu, apesar disso, tu estavas ausente. Não pensava que tivesses de regressar. Em volta do parque rolas sobre os telhados gritavam por companhia. E depois eram sete horas da tarde.

Disse para mim que te teria amado. Pensava que já só me restava de ti uma recordação hesitante, mas não; enganava-me, havia ainda estas praias em volta dos olhos, onde beijar e deitar na areia ainda quente, e esse olhar centrado na morte."

Marguerite Duras, Textos Secretos.
encontrado em http://magnoliaviva.blogspot.com/

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22/07/09

OS MEUS POETAS - 115


josé abrantes,esfinge gorda

Aquele outro

O dúbio mascarado - o mentiroso
Afinal, que passou na vida incógnito.
O Rei-lua postiço, o falso atónito -
Bem no fundo o covarde rigoroso.

Em vez de Pajem, bobo presunçoso.
Sua Alma de neve, asco de um vómito.
Seu ânimo, cantado como indómito
Um lacaio invertido e pressuroso.

O sem nervos nem Ânsia - o papa-açorda,
(Seu coração talvez movido a corda...)
Apesar de seus berros ao Ideal.

O raimoso, o corrido, o desleal -
O balofo arrotando Império astral:
O mago sem condão, o Esfinge gorda.

Mário de Sá-Carneiro

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21/07/09

PENSAR - 97




O Significado da Memória

A memória é essa claridade fictícia das sobreposições que se anulam. O significado é essa espécie de mapa das interpretações que se cruzam como cicatrizes de sucessivas pancadas. Os nossos sentimentos. A intensidade do sentir é intolerável. Do sentir ao sentido do sentido ao significado: o que resta é impacto que substitui impacto - eis a invenção.

Ana Hatherly, in 'A Cidade das Palavras'

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20/07/09

FROM GARDENS WE FEEL SECURE

De Virginia Astley -1983

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PÉROLAS - 167




E tu meu coração porque bates

Feito um atalaia melancólico
observo a noite e a morte

Apolinnaire
Trad.Antonio Cicero em http://antoniocicero.blogspot.com
................

Et toi mon coeur pourquoi bats-tu

Comme un guetteur mélancolique
j'observe la nuit et la mort
Apollinaire

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19/07/09

OS MEUS POETAS - 114



Cuéntame cómo vives, como vas muriendo

Cuéntame cómo vives;
dime sencillamente cómo pasan tus días,
tus lentísimos odios, tus pólvoras alegres
y las confusas olas que te llevan perdido
en la cambiante espuma de un blancor imprevisto.

Cuéntame cómo vives;
ven a mí, cara a cara;
dime tus mentiras (las mías son peores),
tus resentimientos (yo también los padezco),
y ese estúpido orgullo (puedo comprenderte).

Cuéntame cómo mueres;
nada tuyo es secreto:
la náusea del vacío (o el placer, es lo mismo);
la locura imprevista de algún instante vivo;
la esperanza que ahonda tercamente el vacío.

Cuéntame cómo mueres;
cómo renuncias -sabio-,
cómo -frívolo- brillas de puro fugitivo,
cómo acabas en nada
y me enseñas, es claro, a quedarme tranquilo.

Gabiel Celaya
em Tranquilamente hablando, 1945

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18/07/09

LI E RECOMENDO - 9


Pã andrógino


Pois eu já fui um rapaz e uma rapariga, um arbusto
e um pássaro e um peixe mudo do mar.
Empédocles




Quando desci e me tornei arbusto
a doce carícia da terra ao alto me lançou.
Profeta, bardo, médico ou príncipe,
Não o quis ser, porém.
Das mãos da rapariga suave o pássaro voou
até pousar nos meus cabelos.
Da sua ânfora repleta de uma água pura,
O peixe mudo do mar deu-me o silêncio,
O silêncio repleto.
Mortal, porém, permaneço.
Eterno quanto pássaro e mudo peixe.


Aurélio Porto (pseud.)
Poema 568,p.324 de Flor de um dia - ed.Sempre-em-Pé, 2009
Pedidos a contacto@sempreempe.pt

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ESCREVER - 81




[Estilo simples e estilo medíocre]

«Ao estilo sublime contrapomos o estilo simples ou humilde. Assim como as coisas grandes devem explicar-se magnificamente, assim o que é humilde deve-se dizer com estilo mui simples e modo de exprimir mui natural. As expressões do estilo simples são tiradas dos modos mais comuns de falar a língua; e isto não se pode fazer sem perfeito conhecimento da dita língua. Esta é, segundo os mestres da arte, a grande dificuldade do estilo simples. Fácil coisa é a um homem de alguma literatura ornar o discurso com figuras; antes todos propendemos para isso, não só porque o discurso se encurta, mas porque talvez nos explicamos melhor com uma figura do que com muitas palavras. Pelo contrário, para nos explicarmos naturalmente e sem figura, é necessário buscar o termo próprio, que exprima o que se quer, o qual nem sempre se acha, ou, ao menos, não sem dificuldade, e sempre se quer perfeita inteligência da língua para o executar. Além disto, as figuras encantam o leitor e impedem-lhe penetrar é descobrir os vícios que se cobrem com tão ricos vestidos. Não assim no estilo simples, o qual, como não faz pompa de ornamentos, deixa considerar miudamente os pensamentos do escritor... »

Luís António Verney,(1713-1792)
em O Verdadeiro Método de Estudar

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17/07/09

A PALAVRA -DO FALAR POESIA -99


Carlos Drummond de Andrade

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INESIANAS -18



Anjos e demónios caminham nos nossos jardins e
batem-nos à porta.
O que fazer?
Lançar-lhes pedras como aos cães vadios ou
convidá-los à nossa mesa?
Ouvir as histórias que eles trazem nos dedos é
como entrar de costas num espelho e afogar-se
assim no desconhecido que se atravessa.

Lídia Martinez - in "Cartas de Pedro e Inez - o mel do meu consolo", Ulmeiro, Lisboa, 1994
.............................................

Gostaria de chamar a vossa atenção para a série de poemas que Nuno Dempster - em a esquerda da vírgula ( http://esquerda-da-virgula.blogspot.com/) - vem publicando sobre o tema de Pedro e Inês.O título geral da série é Breves eram os anos.É mais uma visão da história/mito pelos olhos de um poeta, neste s-.XXI.

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16/07/09

O PRAZER DE LER - 80



A Verdadeira Leitura


As leituras que a gente faz em busca do saber não são, na verdade, leituras. As boas, as fecundas, as prazenteiras, são as que a gente faz sem pensar em instruir-se.

José Azorín, in 'Reflexos de Espanha'

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15/07/09

NOCTURNOS -71





Noite de folha em folha murmurada,
Branca de mil silêncios, negra de astros,
Com desertos de sombra e luar, dança
Imperceptível em gestos quietos.


Sophia de Mello Breyner Andresen

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13/07/09

«ensinou a observar em verso» - 20



Fantasias do Impossível: Esplêndida

Ei-la! Como vai bela! Os esplendores
Do lúbrico Versailles do Rei-Sol
Aumenta-os com retoques sedutores.
É como o refulgir dum arrebol
Em sedas multicores.

Deita-se com languor no azul celeste
Do seu landau forrado de cetim;
E os seus negros corcéis que a espuma veste,
Sobem a trote a rua do Alecrim,
Velozes como a peste.

É fidalga e soberba. As incensadas
Dubarry, Montespan e Maintenon
Se a vissem ficariam ofuscadas
Tem a altivez magnética e o bom-tom
Das cortes depravadas.

É clara como os pós à marechala,
E as mãos, que o Jock Club embalsemou,
Entre peles de tigres as regala;
De tigres que por ela apunhalou,
Um amante, em Bengala.

É ducalmente esplêndida! A carruagem
Vai agora subindo devagar;
Ela, no brilhantismo da equipagem,
Ela, de olhos cerrados, a cismar
Atrai, como a voragem!

Os lacaios, vão firmes na almofada;
E a doce brisa dá-lhes de través
Nas capas de borracha esbranquiçada,
Nos chapéus com roseta, e nas librés
De forma aprimorada.

E eu vou acompanhando-a, corcovado,
No trottoir, como um doido, em convulsões,
Febril, de colarinho amarrotado,
Desejando o lugar dos seus truões,
Sinistro e mal trajado.

E daria, contente e voluntário,
A minha independência e o meu porvir,
Para ser, eu poeta solitário
,Para ser, ó princesa sem sorrir,
Teu pobre trintanário.

E aos almoços magníficos do Mata
Preferiria ir, fardado, aí,
Ostentando galões de velha prata,
E de costas voltadas para ti,
Formosa aristocrata!

in Diário de Notícias, 22.03.1874

Cesário Verde

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04/07/09

PEQUENA PAUSA PARA FÉRIAS



eu volto breve...me aguardem

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NOCTURNOS - 70



Hay tanta soledad en ese oro.
La luna de las noches no es la luna
que vio el primer Adán.
Los largos siglos
de la vigilia humana la han colmado
de antiguo llanto. Mírala. Es tu espejo.


Jorge Luis Borges

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03/07/09

OS MEUS POETAS -113


img. atuleirus.weblog.com.pt


Como a criança

Como a criança na hora de dormir
amachuca o urso de peluche
e o deixa cair depois
sem qualquer cortesia
ou gratidão,
assim a morte usa a gente:
um utensílio ocasional.


António Manuel Pires Cabral

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02/07/09

OMNIA VINCIT AMOR - 126



Baterás duas vezes


Baterás duas vezes e eu abrirei
e não quererei acreditar que sejas tu.
Entrarás num andar que desconheces
e que é feito apenas para sobreviver.
E aí me encontrarás, quem sabe
por que estranho desígnio. Entrando
na sala de jantar poderás ver o teu retrato
e os nossos livros. Soará o Nocturno.
Folhearás, quem sabe, Virginia Woolf.
Virei atrás de ti com o desejo
de sentir no meu rosto os teus cabelos.
Sentar-te-ei com infinita ternura
num dos velhos sofás compartilhados
(onde estudavas nos últimos tempos
um longo monólogo de mulher
solitária — o que nunca foste). Espiarei
os teus olhos, o triste sorriso
dos teus lábios amáveis, entreabertos,
e tudo acabará com um abraço
que será o primeiro. Deixará de haver
passado ou futuro.Tudo será lógico.

E este poema nunca terá existido.

feliu formosa
- in quinze poetas catalães
trad. egito gonçalves
ed. limiar, porto1994
TRENSCRITO http://canaldepoesia.blogspot.com

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01/07/09

PINA BAUSCH

Também ela se nos foi


PINA BAUSCH - a grande coreógrafa dos nossos tempos. E todos, todos se vão...






Podemos lembrá-la em vários vídeos dela existentes no youtube, entre os quais

http://www.youtube.com/watch?v=Jm70fMM3JAk

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O PRAZER DE LER - 79



A noite está cheia de olhos.
Os olhos da noite observam os livros.
Os livros têm olhos verdes como certos bichos.
Os olhos da noite são azuis.
Sobre os olhos verdes dos livros
repousam os olhos azuis da noite.
Eu não vejo nada disto,
Apenas suponho.


Rui Manuel Amaral
in http://last-tapes.blogspot.com/

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