LER OS CLÁSSICOS - 46
Y la figura
Descubre tu presencia
y mateme tu vista, y hermosura,
mira que la dolencia
de amor no bien se cura,
sino con la presencia, y la figura.
San Juan de la Cruz
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à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo (Álvaro de Campos)
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[O gosto da madalena]
«Mas no preciso instante em que o gole com migalhas de bolo misturadas me tocou o céu da boca, estremeci, atento ao que de extraordinário estava a passar-se em mim. Fora invadido por um prazer delicioso, um prazer isolado, sem a noção da sua causa. Tornara-me imediatamente indiferentes as vicissitudes da vida, inofensivos os seus desastres, ilusória a sua brevidade, do mesmo modo que o amor opera, enchendo-me de uma essência preciosa: ou, antes, tal essência não estava em mim, era eu mesmo. Deixara de me sentir medíocre, contingente, mortal. Donde poderia ter vindo aquela poderosa alegria? Sentia-a ligada ao gosto do chá e do bolo, mas ultrapassava-o infinitamente, não devia ser da mesma natureza. Donde vinha? Que significava? Onde agarrá-la? Bebo um segundo gole, no qual nada encontro a mais que no primeiro, e um terceiro que me traz um pouco menos que o segundo. É tempo de parar, a virtude da bebida parece estar a diminuir. É verdade que a verdade que procuro não está nela mas em mim.(...) Poiso a xícara e volto-me para o meu espírito. A ele cabe encontrar a verdade. Mas como? Grave incerteza, sempre que o espírito se sente ultrapassado por si mesmo; quando ele, o explorador, é todo ele o país escuro que tem a explorar e onde lhe não servirá de nada toda a sua bagagem. Explorar? Não só: criar. Está diante de algo que não é ainda e que só ele pode tornar real e depois fazer entrar na sua luz. »
Marcel Proust - Em busca do Tempo perdido -I
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Ana Cristina César
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Onde pus a esperança, as rosas
Murcharam logo.
Na casa, onde fui habitar,
O jardim, que eu amei por ser
Ali o melhor lugar,
E por quem essa casa amei -
Decerto o achei,
E, quando o tive, sem razão para o ter
Onde pus a feição, secou
A fonte logo.
Da floresta, que fui buscar
Por essa fonte ali tecer
Seu canto de rezar -
Quando na sombra penetrei,
Só o lugar achei
Da fonte seca, inútil de se ter.
Para quê, pois, afeição, esperança,
Se tê-las sabe a não as ter?
Que as uso, a causa para as usar,
Se tê-las sabe a não as ter?
Crer ou amar -
Até à raiz, do peito onde alberguei
Tais sonhos e os gozei,
O vento arranque e leve onde quiser
E eu os não possa achar!
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ANIA
Volta, mamã, muito, muito depressa…está bem? Vou-me preparar para os exames, hei-de passar, e, em seguida, trabalharei para te ajudar. E havemos de ler juntas,mamã, as duas, muitos livros…está bem?(Beija as mãos da mãe) Durante as noites longas de Outono. Havemos de ler, de ler livros. E um mundo novo e maravilhoso se abrirá diante de nós…(Sonha).Volta, mamã…
Tchekov, in O Cerejal
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(Fernando Pessoa / Álvaro de Campos )
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[SEXTINA]
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