26/04/09

OS MEUS POETAS - 108












Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço de terra
Que é Portugal a entristecer.-
Brilho sem luz e sem arder
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem ,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!
Valete, Fratres.

Fernando Pessoa,Mensagem (1934)

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