«ENSINOU A PENSAR EM RITMO» - 5
velut umbra
Fumo e cismo. Os castelos do horizonte
Erguem-se à tarde e crescem, de mil cores,
E ora espalham no céu vivos ardores,
Ora fumam, vulcões de estranho monte...
Depois, que formas vagas vêm defronte,
Que parecem sonhar loucos amores?
Almas que vão, por entre luz e horrores,
Passando a barca desse aéreo Aqueronte...
Apago o meu charuto quando apagas
Teu facho, ó sol... ficamos todos sós...
É nesta solidão que me consumo!
Ó nuvens do ocidente, ó coisas vagas,
Bem vos entendo a cor, pois como a vós,
Beleza e altura se me vão em fumo!
Antero de Quental - Sonetos
Etiquetas: desassossegos, ensinou a pensar em ritmo
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