POETAS MEUS AMIGOS - 126
Cigarras
Nesta primavera
as cigarras cantam diferente.
Há retidos gestos de adeus
nas retinas
e saudades nas horas.
Longos olhos miram
longamente as sombras
à procura de duendes.
Olhos feito punhais cravam-se
em meus olhos: detém-se
o jorro de palavras.
Emoções rompem as eclusas
e a poesia nasce, tímida planta,
nos áridos campos onde plantei
a semente de todas as palavras.
Fausto Rodrigues do Valle
( poema publicado em A Fonte do Sal, 1988)
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