19/12/09

QUATRO POEMAS DE NATAL



[quarto]


A Estrela-a’Alva cintila,
São Nicolau vai chegar!

Me leva, minha mãe, me leva a Galipán!

Mãe, a lua, de tão tonta,
Passa roçando a montanha
E não pára a descansar!

Me leva, minha mãe, me leva a Galipán!

Eu quero colher no campo
A erva listada de prata,
A erva que de madrugada
Estava toda verdinha.

Me leva, minha mãe, me leva a Galipán!

É verdade que esta noite
Se às estrelas erradias
Eu pedir o que desejo,
O céu o concederá?
Diz-me, mãe, se é verdade,
Olha que quero pedir-lhes
Que tua máquina pare
E que tu não cosas mais.

Me leva, minha mãe, me leva a Galipán!

Iremos colher os pêssegos
Saborosos, os morangos
Vermelhos para comê-los
Com leite fresco...

Me leva, minha mãe, me leva a Galipán!

Partamos, mãe, sem demora.
Eu quero ser o primeiro
Para ver como lá chegam
Os Três magos a Belém.

Me leva, minha mãe, me leva a Galipán!

Que formoso o meu Natal!
Pêssegos grandes,
Erva de prata,
Moranguinhos vermelhos
Com leite fresco...
Encontrarei nos sapatos
O presente que ao céu peço:
Minha mãe não cosa mais!

Mãe, ainda que não queiras,
Irei hoje a Galipán!


Pablo Rojas Guardiã
(venezuelano)
Tradução de Manuel Bandeira

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