LEITURAS -112
robert musil
O cão que traz um pau na boca
«Um grande inventor respondia um dia a quem lhe perguntava como fazia para ter tantas ideias novas: 'pensando ininterruptamente nelas'. E, de facto, bem pode dizer-se que as ideias inesperadas nos vêm porque estávamos à espera delas. São em grande parte o resultado conseguido de um carácter, de certas inclinações constantes, de uma ambição tenaz, de uma incessante ocupação com elas. Que tédio uma perseverança assim! Mas vista de outro ângulo, a solução de um problema intelectual não acontece de modo muito diferente, como um cão que traz um pau na boca e quer passar por uma porta estreita; vira a cabeça para a esquerda e para a direita tantas vezes até que consegue passar com o pau; o mesmo acontece connosco [...] de repente estamos do outro lado, e sentimos claramente um ligeiro desconcerto em nós pelo facto das ideias terem vindo por sua iniciativa, em vez de esperarem pelo autor.»
trad. de João Barrentoencontrado também em http://littlelittlewords.blogspot.com/
<< Home