DESASSOSSEGOS - 89
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7yeV6f6tMxoVjgqaz9wgW6ytJnlSh3xaiQKWKO2Y9fFggv-ijHytffIQqVIVXUzeblZB_OB1DJ7lYObUaMgR5XyyGboahlkHB1WGzxdKpSgNlp09iR34p9_DJq9I3sxlq3aL2/s320/GRAND%2520RIVIERE3.gif)
são os rios
Somos o tempo, somos a famosa
parábola de Heraclito,o Obscuro.
Somos a água, não diamante duro
a que se perde, não a que repousa.
Somos o rio e somos esse rio
a olhar-se no rio. A sua imagem
muda na água do espelho entre as margens,
no rio que varia, fogo cego.
Somos o rio vão, predestinado
runo ao seu mar. De fogo está cercado.
Tudo nos diz adeus, tudo nos deixa.
A memória não cunha moeda lesta.
E no entanto há algo que ainda resta
e no entanto ainda há algo que se queixa.
Jorge Luís Borges, in Os Conjurados
Etiquetas: desassossegos, os meus poetas
<< Home