27/02/07

POETAS MEUS AMIGOS - 48





Neste momento está curvada sobre
si mesma e não medita,
apenas sente o fim que sabe e não
recorda o som da música, o equilíbrio
que a sustém de pé face
à paisagem efémera dos vidros.
Nada pode ser feito.
Nada pode ser dito.
Está curvada, e sofre como um ser
estrangeiro na sua própria sala.
Ninguém, nada, somente a noite pode
entrar pela janela,
e o som dos carros longe,
e a luz cada vez mais distante das estrelas.


Nuno Dempster

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