LEITURAS - 29
[…]
«Não sou contra isso por ser repugnante. Sou contra isso porque é apaixonar-se. A única obsessão que toda a gente quer:”amor”. As pessoas pensam que ao amar se tornam inteiras, completas? A união platónica das almas? Eu não penso assim. Penso que estamos inteiros antes de começarmos. E o amor fractura-nos. Estás inteiro e depois estás fracturado, aberto. Ela foi um corpo estranho introduzido na tua totalidade. E durante um ano e meio lutaste para o incorporar. Mas nunca serás inteiro enquanto não o expelires. Ou te livras dele ou o incorporas. E foi isso que fizeste e te levou à loucura.»
[…]
George não dava tréguas: «O afecto é ruinoso e nosso inimigo. Joseph Conrad: Aquele que forma um laço está perdido. É absurdo que tenhas estado ali sentado a olhar dessa maneira. Tu provaste -o. Não é isso suficiente? Que outra coisa tiveste alguma vez mais do que a oportunidade de o provar? Isso é tudo quanto nos é dado na vida, é tudo quanto nos é dado da vida. Não há mais do que isso.»
George tinha razão, é claro, e estava apenas a repetir-me o que eu sabia. Aquele que forma um laço está perdido. A ligação é minha inimiga e, por isso, eu empregava aquilo a que Casanova chamava «o remédio do estudante» - em vez dela masturbava-me. (…)
Philip Roth,O Animal Moribundo- (The Dying Animal)– Publ.D.Quixote, Lisboa, 2006
George não dava tréguas: «O afecto é ruinoso e nosso inimigo. Joseph Conrad: Aquele que forma um laço está perdido. É absurdo que tenhas estado ali sentado a olhar dessa maneira. Tu provaste -o. Não é isso suficiente? Que outra coisa tiveste alguma vez mais do que a oportunidade de o provar? Isso é tudo quanto nos é dado na vida, é tudo quanto nos é dado da vida. Não há mais do que isso.»
George tinha razão, é claro, e estava apenas a repetir-me o que eu sabia. Aquele que forma um laço está perdido. A ligação é minha inimiga e, por isso, eu empregava aquilo a que Casanova chamava «o remédio do estudante» - em vez dela masturbava-me. (…)
Philip Roth,O Animal Moribundo- (The Dying Animal)– Publ.D.Quixote, Lisboa, 2006
trad. de Fernanda Pinto Rodrigues
Opinião : «Uma pequena e perturbante obra-prima»-David Lodge
Etiquetas: leituras
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