OS MEUS POETAS - 59
Testamento de um homem de bom senso
Quando eu morrer, não faças disparates
Nem fiques a pensar: "Ele era assim..."
Mas senta-te num banco de jardim,
Calmamente comendo chocolates.
Aceita o que te deixo, o quase nada
Destas palavras que te digo aqui:
Foi mais que longa a vida que vivi
Para ser em lembranças prolongada.
Porém, se, um dia, na tarde em queda,
Surgir uma lembrança desgarrada,
Ave que nasce e em voo se arremeda,
Deixa-a pousar em teu silêncio, leve
Como se apenas fosse imaginada
Como uma luz, mais que distante, breve.
Carlos Pena Filho
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