11/09/06

DESASSOSSEGOS - 42



Canção desesperada

Nem os olhos sabem que dizer
a esta rosa da alegria,
aberta nas minhas mãos
ou nos cabelos do dia.

O que sonhei é só água,
água só, roxa de frio.
Nenhuma rosa cabe nesta mágoa.
Dai-me a sombra de um navio.

Eugénio de Andrade em Até Amanhã - Limiar, Porto, 1956
[Consta também na belíssima e antiga edição da Inova]

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