25/07/05

DESASSOSSEGOS - 5

"Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho, como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei".


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Se penso, tudo me parece absurdo; se sinto, tudo me parece estranho;
se quero, o que quer é qualquer coisa em mim.
Sempre que em mim há acção, reconheço que não fui eu.
Se sonho, parece que me escrevem.
Se sinto, parece que me pintam.
Se quero, parece que me põem num veículo, como a mercadoria que se envia, e que sigo com um movimento que julgo próprio para onde não quis que fosse senão depois de lá estar.
[.....]

Bernardo Soares, L.D.
Obs.: o título desta série - Desassossegos - vem-me da leitura, sobretudo, de Fernando Pessoa e, em particular, do Livro de (todos) os Desassossegos, o de Bernardo Soares.Natural se torna, pois, que voltemos aos dois muitas vezes - a Pessoa e a Pessoa/Soares.

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