14/01/12

OS MEUS POETAS - 235

tessitura-eli

Foto:eli

PENÉLOPE


Hoje desfiz o último ponto,
A trama do bordado.

No palácio deserto ladra
O cão.

Um sibilo de flechas
Devolve-me o passado.

Com os olhos da memória
Vejo o arco
Que se encurva,
A força que o distende.

Reconheço no silêncio
A paz que me faltava,
(No mármore da entrada
Agonizam os pretendentes).

O ciclo está completo
A espera acabada.


Quando Ulisses chegar

A sopa estará fria.


[.....]
Há os que partem
E os que tecem,
Na urdidura das sombras
É Penélope
Mais astuta que Ulisses?


Myriam Fraga, Argonautas

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