28/03/10

NO DUPLO CENTENÁRIO DE ALEXANDRE HERCULANO




Ontem, sentado num penhasco, e perto
Das águas, então quedas, do oceano,
Eu também o louvei sem ser um justo:
E meditei, e a mente extasiada
Deixei correr pela amplidão das ondas.

Como abraço materno era suave
A aragem fresca do cair das trevas,

Enquanto, envolta em glória, a clara Lua
Sumia em seu fulgor milhões d' estrelas.

Tudo calado estava: o mar somente
As harmonias da criação soltava,
Em seu rugido; e o ulmeiro do deserto
Se agitava, gemendo e murmurando,
Ante o sopro de oeste: ali dos olhos
O pranto me correu, sem que o sentisse,
E aos pés de Deus se derramou minha alma.


Alexandre Herculano

(28 de Março de 1810 a 13-de set. de 1877)

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