LI E RECOMENDO
«Vezes sem conta perguntávamos: por que estávamos ali, longe de tudo e de todos? Meu pai respondia:
— O mundo acabou, meus filhos. Apenas resta Jesusalém.
Eu era crente das palavras paternas. Ntunzi, porém, considerava tudo aquilo um delírio. Inconformado, voltava a indagar:
— E não há mais ninguém no mundo?
Silvestre Vitalício inspirava como se a resposta pedisse muito peito e, fazendo soltar um demorado suspiro, murmurava:
— Somos os últimos.
[...]
— Mas pai, conte-nos como faleceu o mundo?
— Na verdade já não me lembro.
— Mas o Tio Aproximado…
— O Tio conta muita história…
— Então, pai, nos conte o senhor.
— O caso foi o seguinte: o mundo acabou mesmo antes do fim do mundo… Sobreviveu apenas este lugar.» [...]
— O mundo acabou, meus filhos. Apenas resta Jesusalém.
Eu era crente das palavras paternas. Ntunzi, porém, considerava tudo aquilo um delírio. Inconformado, voltava a indagar:
— E não há mais ninguém no mundo?
Silvestre Vitalício inspirava como se a resposta pedisse muito peito e, fazendo soltar um demorado suspiro, murmurava:
— Somos os últimos.
[...]
— Mas pai, conte-nos como faleceu o mundo?
— Na verdade já não me lembro.
— Mas o Tio Aproximado…
— O Tio conta muita história…
— Então, pai, nos conte o senhor.
— O caso foi o seguinte: o mundo acabou mesmo antes do fim do mundo… Sobreviveu apenas este lugar.» [...]
Mia Couto,Jesusalém (2009)
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