23/11/09

POETAS AMIGOS -117



À beira do Tejo

Finjo não ver: a noite
me esconde, e não sei
mais o que é preciso.
Finjo que vou à janela
e grito os palavrões
habituais. Finjo ser
Fernando Pessoa,
a fingir as dores de si e de
todos em volta de si. Mas
finjo sem a mesma
convicção: não, não há como
ser Fernando Pessoa, e há
essa outra vida no além mar,
no depois. Finjo a inteira
consciência deste outro,
deste lado do Atlântico.
A essa hora da noite,
entretanto, finjo mais que tudo
o cigarro que jamais traguei.

Nilson Galvão
http://nilsonpedro.wordpress.com/

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