«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE»- 28
claude monet
Crepuscular
Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, de ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madre-silvas murcham nos silvados
E o aroma que exala pelo espaço
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados.
Sentem-se spasmos, agonias de ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas...
Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas de anemia,
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
É este enlanguecer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.
Camilo Pessanha - Clepsydra
Etiquetas: sentir veladamente
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