06/08/08

LEITURAS- 83




Estes pressentimentos exaltados, que Diotima ressuscitava nele em toda a sua frescura original, impunham silêncio a qualquer outra actividade ou agitação(...). é certo que mesmo assim exaltado, o jovem Paul Arnheim comia em qualquer restaurante chique, frequentava, vestido à última moda, a melhor sociedade, e fazia em toda a parte aquilo que tinha a fazer, podia-se, no entanto, afirmar que a distância entre ele próprio e ele próprio era tão grande como entre ele próprio e os seres ou os objectos, que o mundo exterior não terminava junto à sua pele e que o mundo interior não brilhava apenas através da janela da reflexão, mas que esses dois mundos se associavam numa presença e numa ausência indivisas, tão doces, pacíficas e nobres como um sono sem sonhos."

Rober Musil - in "O homem sem qualidades"

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