27/01/08

«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE" - 22





A João Vasco
(Numa ceia da noite de despedida
para uma longa separação)


A boémia não morreu.
Eis‑nos com cabelos brancos:
E, todavia, os barrancos
Do seu destino, e do meu,

Se nos quebraram as pernas,
As asas não as partiram.
Em que altos sonhos deliram
As nossas almas eternas.

Depois de tantos baldões.
Devera ter‑se ido a fé:
Temos tido pontapé
Das mais caras ilusões...

E não morre a mocidade!
Após enganos. enganos...
pois só daqui a cem anos
Choraremos de saudade?


Camilo Pessanha, Clepsydra

Etiquetas:

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons