A MORTE É A CURVA DA ESTRADA
grafitto - foto de ana assunção
Porque há exactamente 72 anos ele deixou de ser visto...
A morte é a curva da estrada
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
[...]
IniciaçãoA morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
[...]
Não dormes sob os ciprestes,
Pois não há sono no mundo.
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O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser.
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nú.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
(...)
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nú.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
(...)
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não 'stás morto, entre ciprestes.
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Neófito, não há morte.
Fernando Pessoa
Ficou entre nós na Sorte.
Não 'stás morto, entre ciprestes.
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Neófito, não há morte.
Fernando Pessoa
Etiquetas: efemérides, fernando pessoa
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