NOCTURNOS - 19
Enquanto tudo dorme, sento-me cheio de alegria
Sob a abóbada estrelada que as frontes alumia;
Perscruto se do alto vem um sinal rumoroso;
E a hora com sua asas docemente me brinda
Quando contemplo, comovido, a festa infinda
Que, de noite, ao mundo oferece o céu radioso!
Penso às vezes que estes sóis que resplandecem,
Na terra adormecida, só a minha a alma aquecem;
Que para os entender, só eu fui predestinado;
Que sou eu, sombra vã, obscura e taciturna,
O misterioso rei desta pompa nocturna;
Que só para mim o céu foi iluminado!
Novembro de 1829
Victor Hugo , Poemas
(tradução de Maria Manuela Parreira da Silva)
Etiquetas: nocturnos
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