DO FALAR POESIA - 56
Poética para desanimar os leitores
Não digo nada que não tenha sido dito.
Não procures novidades no meu verso.
Amei sem ser amado, como tantos.
Fui jovem, como todos, sem sabê-lo.
Pedi à arte coisas que esqueci.
Apenas sei que de nada me serviram.
Tive um tesouro nas mãos, tive
ouro e areia, luz e desconsolo.
Não procures novidades. O que digo
já tu o pensaste e outros o disseram
com palavras mais belas do que as minhas.
Apenas escrevo para matar o tempo.
José Luis García Martin
(Tradução de Joaquim Manuel Magalhães)
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