25/05/06

DESASSOSSEGOS - 34



Muros

Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar,
ergueram à minha volta altos muros de pedra.

E agora aqui estou, em desespero, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio me depreda.

E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.

Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.


Konstantinos Kaváfis
Trad de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis – Poemas-Relógio d’Água, 2005

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