DESASSOSSEGOS - 34
Muros
Sem cuidado nenhum, sem respeito nem pesar,
ergueram à minha volta altos muros de pedra.
E agora aqui estou, em desespero, sem pensar
noutra coisa: o infortúnio me depreda.
E eu que tinha tanta coisa por fazer lá fora!
Quando os ergueram, mal notei os muros, esses.
Não ouvi voz de pedreiro, um ruído que fora.
Isolaram-me do mundo sem que eu percebesse.
Konstantinos Kaváfis
Trad de Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis – Poemas-Relógio d’Água, 2005
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