«ENSINOU A SENTIR VELADAMENTE» - 34
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnknTWpcWhr27mj7LiyknS1wJfjSdBUBPzwHrE6PHL1TRW9gQhEYhPByMQppRyJcr4xi9F7cY-nc7DmyITUNLk-dwcDGqbqjrYIITpDqQr8dKh6prTK_vhWuaDcsE43p8f6Fqg/s320/est%C3%A1tua+1.jpg)
Estátua
Cansei-me de tentar o seu segredo:
No teu olhar sem cor, - frio escalpelo, -
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.
Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo,
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.
E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correcto
Desse entreaberto lábio gelado...
Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.
Camilo Pessanha - Clepsydra
Etiquetas: sentir veladamente
<< Home