O PRAZER DE LER -127
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Àquela pergunta de bolso “se só pudesse escolher um livro para levar para uma ilha deserta onde passaria sozinho o resto da sua vida?” só se pode responder “o livro que nunca foi escrito”, que é como quem diz, todos os livros do mundo, a “Biblioteca” de Borges – porque talvez apenas exista no mundo um único livro. E temos duas hipóteses: quando esse livro for escrito deixará de haver livro, esse ou qualquer outro; ou, esse livro nunca poderá ser escrito. Num e noutro caso, porém, trata-se sempre do mesmo: da incessante busca do que não pode ser escrito (dito, lido, porque na verdade essas distinções pouco dizem do processo de procura). É a poesia, a arte, Deus ou qualquer outro artifício que nos leva à louca e insensata procura de atingir uma verdade sobre nós e mun do (tanto faz a precedência), sabendo, mesmo que não se saiba, que é coisa que não se pode alcançar. Nunca. E esse é o seu fascínio, da natureza do sagrado – ao mesmo tempo fascinante e terrífico.
Carlos Alberto Machado
O texto integral pode ser lido em
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