POETAS MEUS AMIGOS -154
«Seiscentos e cinquenta anos passados,tudo pode mudar-se, se pensarmos que Inês, mais do que Pedro, foi filtrada por tanta gente,tantos corações e tão ocultamente que o mito abre fissuras nas estátuas do mosteiro, Inês sempre doada e Pedro, que foi príncipe e rei,com gestos obscuros que somente o cronista testemunha em datas e entrelinhas, cauteloso.»[da orelha do livro]
POEMA DE ABERTURA
Posso ver, inclinados sobre Inês,
os vultos que na noite de outro tempo
escreviam com forma e tom diversos,
porque deste futuro não sabiam
o modo e sua cor, nem o ruído
de máquinas velozes a marcar
a urgência da denúncia que me bate
nas têmporas, aviso para a luz
nascente das palavras irreais
do palimpsesto, em cujo pergaminho
os vultos escreviam sem ter dúvidas,
pois nada se mudava nos seus anos.
Posso ver, inclinados sobre Inês,
os vultos que na noite de outro tempo
escreviam com forma e tom diversos,
porque deste futuro não sabiam
o modo e sua cor, nem o ruído
de máquinas velozes a marcar
a urgência da denúncia que me bate
nas têmporas, aviso para a luz
nascente das palavras irreais
do palimpsesto, em cujo pergaminho
os vultos escreviam sem ter dúvidas,
pois nada se mudava nos seus anos.
O livro - uma nova releitura do mito («.A esposa que lavraste em pedra e rito/nunca a tiveste,infante. E o mais é mito.»...Ivan Junqueira, em A Rainha Arcaica) - merece uma boa leitura e,por isso, o recomendo vivamente.
(...). Não se deixem levar pelo Dolce Stil Nuovo do título. A sua função não é anunciar amores ideais.O poema de abertura levanta um pouco o véu (...)
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