21/09/11

POETAS MEUS AMIGOS -154



«Seiscentos e cinquenta anos passados,tudo pode mudar-se, se pensarmos que Inês, mais do que Pedro, foi filtrada por tanta gente,tantos corações e tão ocultamente que o mito abre fissuras nas estátuas do mosteiro, Inês  sempre doada e Pedro, que foi príncipe e rei,com gestos obscuros que somente o cronista testemunha em datas e entrelinhas, cauteloso.»[da orelha do livro]
POEMA DE ABERTURA


Posso ver, inclinados sobre Inês,
os vultos que na noite de outro tempo
escreviam com forma e tom diversos,
porque deste futuro não sabiam
o modo e sua cor, nem o ruído
de máquinas velozes a marcar
a urgência da denúncia que me bate
nas têmporas, aviso para a luz
nascente das palavras irreais
do palimpsesto, em cujo pergaminho
os vultos escreviam sem ter dúvidas,
pois nada se mudava nos seus anos.


O livro - uma nova releitura do mito («.A esposa que lavraste em pedra e rito/nunca a tiveste,infante. E o mais é mito...Ivan Junqueira, em A Rainha Arcaica)  - merece uma boa leitura e,por isso, o recomendo vivamente.

Previne o Autor no seu blogue a esquerda da vírgula - http://esquerda-da-virgula.blogspot.com/
(...). Não se deixem levar pelo Dolce Stil Nuovo do título. A sua função não é anunciar amores ideais.O poema de abertura levanta um pouco o véu (...) 

 - publicado por edições sempre em pé,Porto, 2011- www.sempreempe.pt

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