07/09/10

ESCREVER - 86

fosfors1

Prosa



Para saber se você está realmente se tornando um escritor, experimente não sentir nada quando escreve. Simplesmente escreva sem a mínima intenção de escrever. No momento certo. Sem compulsão. Faça suas coisas. Cuide de sua vida. Escrever é o de menos para quem escreve. E por favor, não repita o mantra absurdo: preciso escrever; se não escrever estarei morto. Não seja estúpido. Escreva. Nenhuma intenção. Não pretenda sequer que o texto seja lido. Isso é o mais importante. Nâo querer ser lido. Querer ser lido é um sintoma absoluto de total inaptidão à escrita. Está acompanhando? Preste atenção, porque isso aqui não é brincadeira. Esqueça você. Você é o que menos interessa. O importante é a diversão. É como riscar um fósforo.Vai ser somente uma vez e depois não se repetirá. Você pode até pegar um outro fósforo da caixa e riscar. Mas esse gesto não significa um novamente. São fósforos diferentes. O modo como você displicentemente enfia as mãos nos bolsos à cata daquela caixa de fósforos. Suas mãos localizam o objeto e você sabe que é a caixinha pois foi você mesmo que decidiu por vontade própria usar fósforos em vez de isqueiros. Não tem outra. Você não pensa nada. Somente retira a caixa do bolso e faz aquela sonoplastia de chacoalhar os palitos todos. Abre-a. Tira um dos fósforos lá de dentro. Qualquer um deles. Risca-o. Pronto! Tudo acontece muito rápido. Percebe? Sem pensar nada. Nenhuma performance. Apenas o gesto inocente de acender um fósforo. [...]

Nara em Cecília não é um cachimbo
– ver a continuação em
http://cecinest.blogspot.com/search?updated-max=2010-08-22T18%3A59%3A00-03%3A00&max-results=15

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