22/09/07

POETAS MEUS AMIGOS - 58


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manhã em dois andamentos


1
Os pinheiros, manhã purificada
de vento e luz e o hálito da terra,
e a lembrança daquilo que não somos
nem fomos nunca, deuses como Pan
que queríamos ser por entre as árvores
ou mesmo um eflúvio como a brisa.

2

A raposa que vi aquela noite
agora busca cheiros nas giestas,
e, pela estrada, os carros vão passando
a serra muito antiga e sobrevivem,
sobrevivemos todos, nós e os bichos,
sem mais nenhum destino que viver.

Nuno Dempster

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