POETAS MEUS AMIGOS - 58
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manhã em dois andamentos
1
Os pinheiros, manhã purificada
de vento e luz e o hálito da terra,
e a lembrança daquilo que não somos
nem fomos nunca, deuses como Pan
que queríamos ser por entre as árvores
ou mesmo um eflúvio como a brisa.
2
A raposa que vi aquela noite
agora busca cheiros nas giestas,
e, pela estrada, os carros vão passando
a serra muito antiga e sobrevivem,
sobrevivemos todos, nós e os bichos,
sem mais nenhum destino que viver.
Nuno Dempster
Etiquetas: poetas meus amigos
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