04/06/07

LER OS CLÁSSICOS - 69




Sou coisa ligeira
Como a folha que é joguete da tempestade
....
Como o batel vogando sem piloto,
Como uma ave errante pelos caminhos do ar,
Não estou amarrado nem por âncora, nem por cordas
....
A beleza das raparigas feriu o meu peito,
As que não posso tocar, possuo-as com o coração
....
Censuram-me, depois, pelo jogo.
Mas assim que o jogo
Me deixa nu, com o corpo frio, o meu espírito aquece.
É então que a minha musa compõe as suas melhores canções
....
Em terceiro lugar, falemos da taberna
....
Quero morrer na taberna
Onde os vinhos estiverem perto da boca do moribundo,
Depois os corpos dos anjos descerão cantando:
«Que Deus seja clemente para com este bom apreciador»
...
Mais ávido de volúpia que da salvação eterna,
Com a alma morta, só a carne me preocupa
....
Como é duro domar a natureza!
E, à vista das belas, permanecer puro de espírito.
Os jovens não podem seguir uma tão dura lei
Nem esquecer o corpo disponível.


Nota : Estes poemas/canções medievais dos Goliardos foram retirados do livro de Jacques Le Goff, Os intelectuais na Idade Média, Gradiva Publicações, 2ª.ed. 1990

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