22/01/07

LER OS CLÁSSICOS - 62



Horas breves do meu contentamento

Horas breves do meu contentamento,
nunca me pareceu quando vos tinha,
que vos visse tornadas tão asinha
em tão compridos dias de tormento.

Aquelas torres que fundei no vento,
o vento mas levou, que mas sustinha;
do mal que me ficou, a culpa é minha,
pois sobre cousas vás fiz fundamento.

Amor com brandas mostras aparece,
tudo possível faz, tudo assegura,
mas logo no melhor desaparece.

Ó cegueira tamanha! ó desventura!
Por um pequeno bem que desfalece
aventurar um bem que sempre dura!


Diogo Bernardes

Etiquetas:

Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons