QUE VIVA MOZART,O AMADO DE DEUS
Nascido em Salzburgo, há 250 anos
Mozart: andante do Trio K 496
Esta frase emerge súbita no trio saltitado,
o violino pergunta de repente numa angústia
ansiosamente pergunta (o que é resposta
agónica, prévia-
talvez que esta graciosidade tenha sido escrita
para que no salão, como nas almas, a amargurada frase
estalasse de repente: proposta, apelo, suspirar,
que explode sem estridência nem ruídos:
mas existia não-contida nem contível
tanto em Mozart
como na vida).
Esta frase - e quase se diria
discreta, envergonhada, arrependida
não volta mais senão disfarce
variações: melancolia graciosa
vulgar (tanto quanto
o pode ser neste contexto –engano
de fluida fluente fácil
música de fundo)-
insondável
Jorge de Sena, Arte de Música, 1968
Mozart no céu
NO DIA 5 de dezembro de 1791
Wolfgang Amadeu Mozart entrou no céu, como um artista
de circo, fazendo piruetas extraordinárias
sobre um mirabolante cavalo branco.
Os anjinhos atônitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.
Manuel Bandeira, Lira dos cinquent'anos
Mozart: andante do Trio K 496
Esta frase emerge súbita no trio saltitado,
o violino pergunta de repente numa angústia
ansiosamente pergunta (o que é resposta
agónica, prévia-
talvez que esta graciosidade tenha sido escrita
para que no salão, como nas almas, a amargurada frase
estalasse de repente: proposta, apelo, suspirar,
que explode sem estridência nem ruídos:
mas existia não-contida nem contível
tanto em Mozart
como na vida).
Esta frase - e quase se diria
discreta, envergonhada, arrependida
não volta mais senão disfarce
variações: melancolia graciosa
vulgar (tanto quanto
o pode ser neste contexto –engano
de fluida fluente fácil
música de fundo)-
insondável
Jorge de Sena, Arte de Música, 1968
Mozart no céu
NO DIA 5 de dezembro de 1791
Wolfgang Amadeu Mozart entrou no céu, como um artista
de circo, fazendo piruetas extraordinárias
sobre um mirabolante cavalo branco.
Os anjinhos atônitos diziam: Que foi? Que não foi?
Melodias jamais ouvidas voavam nas linhas suplementares superiores da pauta.
Um momento se suspendeu a contemplação inefável.
A Virgem beijou-o na testa
E desde então Wolfgang Amadeus Mozart foi o mais moço dos anjos.
Manuel Bandeira, Lira dos cinquent'anos
<< Home