OS MEUS POETAS - 72
mother's Love-by-kolongi
Mãe
Mãe — que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com mãos piedosas ate o fio
Do meu pobre existir, meio partido...
Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...
Eu dava o meu orgulho de homem — dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava,
Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!
Antero de Quental
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