11/12/11

OS MEUS POETAS - 231



http://www.youtube.com/watch?v=K_ZGqkFSc2Q

Adios rios, adios fontes...

Adios, rios; adios, fontes;/adios, regatos pequenos;/adios, vista dos meus olhos:/nõe sei quando nos veremos. //Minha terra, minha terra,/terra donde me eu criei,/hortinha que quero tanto/figueirinhas que prantei,//prados, rios, arvoredas,/pinares que move o vento,/paxarinhos piadores,/casinha do meu contento,//muinho dos castanhares,/noites craras de luar,/campaninhas trimbadoras / da igrejinha do lugar,//amorinhas das silveiras/que eu lhe dava ao meu amor/caminhinhos antre o milho,/adios, para sempre adios!// Adios, grória! Adios, contento!/ Deixo a casa onde nacim,/deixo a aldea que conosso/por um mundo que nõe vim!//Deixo amigos por estranhos,/ deixo a veiga polo mar,/deixo, em fim, quanto bem quero.../quem pudera no o deixar...!//Maes som probe e, mal pecado!,/a minha terra n'é minha,/que hastra lhe dãe de prestado/a beira por que caminha/ao que naceu desdichado.//Tenho-vos, pois, que deixar,/hortinha que tanto amei,/fogueirinha do meu lar,//arvorinhos que prantei,/fontinha do cavanhar.//Adios, adios, que me vou,/ervinhas do campo-santo/donde meu pai se enterrou,/ervinhas que biquei tanto,/terrinha que vos criou.//Adios, Virge da Assunciõe,/branca como um serafim:/levo-vos no corassõe;/pedide-lhe a Dios por mim,/minha Virge da Assunciõe.//Já se oiem longe, moi longe,/as campanas do Pomar;/para mim, ai!, coitadinho,/nunca mais hãe de tocar.//Já se oiem longe, mais longe.../Cada balada é um dolor;/vou-me soio, sem arrimo.../Minha terra, adios!,adios!//Adios tamém, queridinha...!/Adios por sempre quiçais...!/Digo-che este adios chorando/desde a beirinha do mar. // Nõe me olvides, queridinha,/se morro de soidás... /tantas légoas mar adentro.../Minha casinha!, meu lar!//
Poema de Rosalia de Castro cantado por Amâncio Prada

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