08/08/06

POEMAS COM ROSAS DENTRO - 20


foto de améliapais

A uma rosa

Ontem nasceste, e morres amanhã.
Para tão breve ser, quem te deu vida?
Para viver tão pouco estás luzida
e para não ser nada estás louçã?

Se te enganou a formosura vã,
bem depressa a verás desvanecida,
porque em tal formosura está contida
a sina de morreres tão de manhã.

Há-de cortar-te uma robusta mão,
que é lei da agricultura permitida
e num sopro extinguir-se a tua sorte.

Não saias, que te assaltam de roldão.
Dilata o nascimento à tua vida
Que antecipas teu ser com tua morte.

Luís de Gôngora (1561-1627)
Trad. de David M.Ferreira
In Vozes da Poesia Europeia,vol.II

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