28/10/05

DA EDUCAÇÃO - 4




P-Há em vários livros seus, referências que denotam uma posição crítica em relação ao funcionamento do nosso sistema de ensino, à forma como os professores operam e, em particular, à forma como mal tratam a língua.


R: O ensino está massificado e generalizado, o que, em si, é um bem. Está a reproduzir cada vez mais a leviandade, a futilidade, a falta de rigor e a ignorância que grassam no conjunto da sociedade e isso é um mal.
É muito preocupante a iliteracia, a ignorância da língua e da História. Mas isto não se resolve com a "menina de cinco olhos". Quanto ao uso e abuso do Inglês, dá a impressão que se está a instalar, entre nós, uma espécie de mentalidade de colonizado. Sem cairmos na histeria patrioteira há que procurar inverter este rumo.

P-Como vê a desvalorização curricular da Literatura na aprendizagem do Português?

R: Vou-lhe contar uma história muito engraçada que se passou com o escritor Augusto Abelaira. Ele estava preocupado porque não sabia como resolver certa dificuldade gramatical. Então foi consultar uma gramática (creio que a do Prof. Lindley Cintra) e encontrou esse caso documentado com uma citação dele próprio, Augusto Abelaira. Quem é que mexe e remexe na língua escrita e a vai transformando? Os escritores, que alguns patetas tecnocratas (atenção que o analfabetismo vem-se instalando em escalões muito altos) querem banir do ensino.

Mário de Carvalho - em entrevista publicada em http://apagina.pt/arquivo/Artigo

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