18/02/05

FRAGMENTOS DE UM DISCURSO AMOROSO [5]

(ou carta quase póstuma para um amor distante)

De amor não falemos. De que serviria dar nome ao que encerra somente o equívoco? Somos e não somos sós. E depois ser só não é ser só. Não estamos sós. Temo-nos um ao outro na distância e na ausência, que são só acidentes e nada de essencial atingem. Temo-nos no que ficou do fugidio encontro, na ternura renovada que nos inventámos ou recriámos. Ou na lembrança.

(continua)

Amélia Pais
Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com Licença Creative Commons